Alunos têm usado medicamentos para ter mais foco; porém, segundo pesquisa, o crime não compensa
Seria incrível a possibilidade de tomar uma pílula que nos deixasse mais inteligentes, com o cérebro turbinado e ainda aumentasse a concentração. Porém, de acordo com o professor de biologia Paulo Jubilut, fundador da plataforma de educação Aprova Total, essa possibilidade não existe — fica somente para a ficção em livros, filmes ou séries de TV.
Medicamentos como Ritalina, que são receitados para tratar pessoas que sofrem com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), agora estão sendo utilizados por alunos saudáveis para melhorar a concentração nos estudos e o desempenho nas provas. Só que essas drogas não têm nada de “smart”. No início de 2023, muitas farmácias passaram por uma escassez de remédios para tratamento do TDAH, principalmente a Ritalina.
Um estudo recente, publicado na Science Advances, com o título “Not so smart? ‘Smart’ drugs increase the level but decrease the quality of cognitive effort” (“Não é tão inteligente? Drogas ‘inteligentes’ aumentam o nível mas diminuem a qualidade do esforço cognitivo”) analisou três medicamentos comuns: a Ritalina, a dexanfetamina e o Modafinil.
Os pesquisadores fizeram quarenta voluntários executarem quatro vezes uma simples tarefa lógico-matemática. A cada vez, eles tomavam uma das pílulas, e também houve uma rodada com placebo. Quando ingeriam os remédios, os participantes se dedicavam mais à tarefa, mas a sua performance era pior do que quando usavam o placebo. Ou seja, apesar de se esforçarem mais, seu desempenho piorava com os medicamentos.
Para Jubilut, a pesquisa reforça que os medicamentos não têm como função melhorar o desempenho nos estudos. “É importante lembrar que se sentir motivado e alerta é diferente de desempenhar um bom trabalho”, destaca o professor. “Além disso, os remédios são importantes para pessoas com TDAH, que podem ser prejudicadas com a falta deles nas farmácias.” Ele reforça que existem diversos métodos mais saudáveis, verdadeiramente comprovados, que estimulam a aprendizagem. “Exercitar-se, manter uma alimentação e hábitos saudáveis pode, de fato, estimular nosso cérebro”, afirma.
É importante salientar que o diagnóstico para a utilização de remédios como Ritalina só pode ser feito após uma longa avaliação por um profissional.
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