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MPB de luto: Brasil perde Lô Borges


É com profunda tristeza que registramos o falecimento do cantor, compositor e guitarrista mineiro Lô Borges — nome artístico de Salomão Borges Filho — que nos deixou aos 73 anos, na noite de 2 de novembro de 2025, em Belo Horizonte (MG).

Trajetória e primeiras influências

Lô Borges nasceu em 10 de janeiro de 1952, em Belo Horizonte (MG). Desde muito jovem, já se reunia com amigos no bairro Santa Tereza — esquina das ruas Divinópolis e Paraisópolis — para tocar violão, ouvir Beatles, jazz e música mineira, numa confluência que geraria seu estilo próprio.

Na adolescência, praticamente aos 18 anos, ele estava prestes a ingressar no serviço militar, mas acabou sendo convidado por Milton Nascimento para participar de projetos musicais no Rio de Janeiro.

O movimento Clube da Esquina e parcerias

Lô foi um dos fundadores do coletivo mineiro Clube da Esquina, que revolucionou a música popular brasileira nos anos 1970, ao misturar MPB, jazz, rock psicodélico, música mineira e baroque pop.

Em 1972, participou como coautor do álbum Clube da Esquina, ao lado de Milton Nascimento e outros músicos de Minas Gerais. Nesse álbum, compôs ou co-compôs faixas como “O Trem Azul”, “Paisagem da Janela” e “Tudo que Você Podia Ser”.

Além de Milton, ele colaborou com o irmão letrista Márcio Borges — parceria duradoura em sua carreira — e também com artistas como Beto Guedes, Samuel Rosa (do Skank) e outros nomes da nova geração.

Principais composições e álbuns

Entre seus trabalhos mais reconhecidos estão:

  • Clube da Esquina (1972) — marco histórico da MPB.
  • Lô Borges (1972) — seu álbum solo de estreia, apelidado de “Disco do Tênis”.
  • “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, “Paisagem da Janela”, “O Trem Azul”, “Para Lennon e McCartney” — faixas que se tornaram clássicos.
  • Em tempos mais recentes, continuou lançando álbum quase anualmente, como Rio da Lua (2019), Dínamo (2020), Muito Além do Fim (2021) e Chama Viva (2022).

Sua música se caracterizou por harmonia sofisticada, melodia inventiva e uma forma de traduzir a paisagem mineira em som, sem perder contato com o experimental e o pop.

Causa da morte

Segundo boletim oficial do hospital onde estava internado, Lô Borges deu entrada em 17 de outubro após intoxicação medicamentosa. Ele permaneceu internado, submetido a traqueostomia e hemodiálise, e acabou falecendo em consequência de falência múltipla de órgãos, na noite de 2 de novembro de 2025, às 20h50.

Mensagens de luto e homenagem

A notícia de sua partida gerou vasta repercussão nas redes sociais e entre artistas e autoridades:

  • A equipe de Milton Nascimento publicou:

    “Lô nos deixará um vazio e uma saudade enormes, e o Brasil perde um de seus artistas mais geniais, inventivos e únicos. Desejamos muito amor e força à família Borges.”

  • O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou mensagem oficial:

    “Hoje nos despedimos de um dos grandes nomes da nossa música popular brasileira, Lô Borges. Suas canções… estão gravadas não apenas em álbuns, mas na memória e no coração de milhões de brasileiros.”

  • Nas redes sociais de fãs e comunidades musicais:

    “Monstro sagrado da música brasileira… Descanse em paz.”
    “Sempre fui muito fã de Clube da Esquina! Que perda!”

Legado

Lô Borges deixa um legado imenso: é considerado um dos compositores mais influentes da música brasileira, com impacto sobre gerações e reconhecimento cada vez mais amplo. Sua obra é ponte entre o regional e o universal, o clássico e o experimental.

Para muitos, sua morte representa não apenas a perda de um grande artista, mas o fim de um capítulo vital da MPB e da cultura musical brasileira.


confira abaixo uma seleção comentada com 10 músicas imperdíveis de Lô Borges, reunindo momentos essenciais de sua trajetória — tanto no Clube da Esquina quanto na carreira solo:


1. O Trem Azul (Clube da Esquina, 1972)
Um dos maiores clássicos da MPB. Parceria com Ronaldo Bastos, essa canção é uma metáfora poética sobre liberdade, sonhos e a passagem do tempo. Virou símbolo do movimento mineiro.

2. Paisagem da Janela (Clube da Esquina, 1972)
Composição de Lô e Márcio Borges. Une simplicidade lírica e sofisticação harmônica, traduzindo a alma contemplativa de Minas Gerais.

3. Um Girassol da Cor do Seu Cabelo (Clube da Esquina, 1972)
Com Milton Nascimento, traz uma das melodias mais doces e emocionantes da MPB. É também um hino sobre amizade e esperança.

4. Tudo Que Você Podia Ser (Clube da Esquina, 1972)
A canção que abre o álbum — uma explosão de energia e juventude. É sobre seguir em frente e buscar o próprio caminho.

5. O Trem Azul (versão ao vivo, 1981)
Na fase solo, Lô mostrou como sua voz e guitarra carregavam o espírito do Clube da Esquina. Essa versão traz um tom mais introspectivo e maduro.

6. Para Lennon e McCartney (Disco do Tênis, 1972)
Do álbum solo de estreia, é uma homenagem à influência dos Beatles — mas com identidade 100% mineira. Mistura rock e lirismo com rara sensibilidade.

7. Clube da Esquina nº 2 (Milton Nascimento & Lô Borges, 1972)
Melodia sublime e letra de rara beleza. É uma das músicas mais espirituais e inspiradoras do cancioneiro brasileiro.

8. Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor (A Via Láctea, 1979)
Mais romântica e delicada, revela o Lô mais maduro e introspectivo, capaz de falar de amor sem clichês.

9. Rio da Lua (Rio da Lua, 2019)
Um Lô contemporâneo, em grande forma. Mistura poesia e melancolia, com arranjos modernos que mostram sua vitalidade até os últimos anos.

10. Muito Além do Fim (Muito Além do Fim, 2021)
Um fecho simbólico de sua carreira. Reflete sobre o tempo, o ciclo da vida e a permanência da arte — quase uma despedida antecipada.


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