No Upfront da Globo — evento voltado ao mercado publicitário onde emissoras apresentam suas apostas para a próxima temporada — a Globo protagonizou um momento que misturou humor, ousadia e provocação ao mercado: fez com que sua veterana apresentadora Ana Maria Braga surgisse caracterizada como Madonna, em alusão à canção “Material Girl”, para ironizar o MasterChef.
A cena e a provocação
A performance ocorreu no palco do evento e chamou atenção por sua teatralidade — Ana Maria apareceu vestida como Madonna, com figurino, coreografia e tom lúdico, numa paródia que dialogava com o apelo comercial da ocasião.
Mas não foi apenas espetáculo: a apresentação tinha um propósito provocativo. Durante o evento, a mentora do reality Chef de Alto Nível, Renata Vanzetto, afirmou publicamente que “um episódio nosso deu mais audiência do que todas as temporadas do MasterChef juntas”. A frase serviu como provocação direta ao concorrente.
Reação e repercussão
A fala de Renata gerou forte reação nas redes sociais. Usuários criticaram a comparação feita entre os programas e defenderam o prestígio e a relevância do MasterChef. Alguns pedidos foram direcionados a Ana Maria Braga, sugerindo que ela intercedesse ou “ensinasse educação” à chef por causa do comentário.
Vários internautas ressaltaram que desmerecer o MasterChef não traria vantagem: “falar que ficam na frente do MasterChef em audiência é fácil, agora ser melhor tá bem distante”, comentou um deles. Outro escreveu: “Que feio falar mal do MasterChef! Ficou bem feio.”
Alguns também questionaram a própria veracidade da afirmação de audiência de Renata, afirmando que o sucesso do MasterChef é construído por sua história, pelos chefs participantes e pelo carisma do formato.
Contexto e implicações
Essa provocação da Globo se insere numa disputa crescente entre programas de culinária e realities gastronômicos — um segmento que tem atraído atenção, público e anunciantes. Ao promover uma cena simbólica com Ana Maria Braga, a emissora reforça seu posicionamento estratégico frente a rivais.
Além disso, o Upfront serviu não apenas para exibir esse “giro publicitário”, mas também para a Globo apresentar suas apostas para 2026. A performance de Ana Maria, portanto, funcionou também como um statement: a emissora quer reafirmar protagonismo e mostrar ao mercado que está confiante na força de seus projetos culinários.
Considerações finais
A ação ousada de transformar uma figura tradicional da emissora — Ana Maria Braga — em uma icônica diva pop foi calculada: mistura espetáculo, provocação e marketing. Se a estratégia vai surtir efeito diante do público ou alimentar polêmica entre seguidores dos programas concorrentes, ainda será visto nos próximos meses. O que ficou claro é que, no universo dos realities, o jogo de audiência também envolve provocação, imagem e simbolismo.
Aqui vai uma análise com base nos dados disponíveis até agora — destacando o desempenho de Chef de Alto Nível vs. MasterChef Brasil, bem como os riscos e vantagens estratégicas envolvidos na provocação da Globo:
Comparativo de audiência
Chef de Alto Nível (Globo)
Destaques positivos e trajetória de crescimento
Na estreia, em 15 de julho de 2025, o reality comandado por Ana Maria Braga teve 13,2 pontos de média na Grande São Paulo, superando o filme exibido pela Globo no dia anterior.
Em sua reta final, bateu recordes: na SP, chegou a 16 pontos e 31% de participação; no Rio, também repetiu 18 pontos e cerca de 31% de share.
Em outra ocasião, marcou 14,4 pontos no horário em que concorria com o MasterChef, superando Record e SBT, que exibiam filmes.
No Rio, o programa elevou a audiência do horário em 6%, chegando a 18 pontos e share de 32%.
Em São Paulo, numa etapa ativa da temporada, o reality chegou a 14 pontos de média e 28% de participação
A Globo já demonstra confiança: o programa foi renovado para 2026, com a informação de que alcançou cerca de 14,2 pontos de média em SP, com picos de 16.
Além disso, o formato repercutiu bem no digital: “Chef de Alto Nível” teria se tornado o reality mais consumido no Globoplay, concentrando cerca de 48% das horas assistidas no gênero no serviço.
Desafios e quedas na trajetória
Em meados da temporada, o programa sofreu queda: numa terça, fez 12,6 pontos, representando queda de ~16% em relação à média da semana anterior.
Apesar dessa oscilação, nos episódios seguintes ele recuperou terreno, marcando 14,6, 14,9 pontos em outras exibições.
MasterChef Brasil (Band)
Contexto de audiência mais modesta
Em episódios recentes, o MasterChef tem registros modestos na Grande São Paulo: 1,8 ponto de média com pico de 2,4, em um episódio de destaque com a volta de Paola Carosella.
Comparando concorrência direta, no mesmo horário em que o Chef de Alto Nível anotou ~14,4 pontos, o MasterChef marcou 1,8 ponto, ficando em 4ª colocação isolada.
Em outros momentos, ele “reverteu desgaste” do formato, registrando aumentos expressivos: por exemplo, um episódio teve 94% de alta em relação às quatro terças-feiras anteriores.
Em outro levantamento, enfrenta desempenho fraco: por exemplo, com média de 1,3 ponto, ficando em quarto lugar no ranking da noite.
Na estreia de sua 12ª temporada, registrou 1,0 ponto de média em SP, um dos menores índices já observados.
O formato também tem força nas plataformas digitais: o MasterChef chegou a ter audiência no YouTube 5 vezes maior do que na TV, em um momento analisado.
Limitações e resiliência
Apesar da grande diferença em números de TV entre os dois programas, alguns analistas e fontes lembram que o MasterChef mantém um núcleo fiel de espectadores — não foi “destruído” pela nova atração da Globo.
Há menções de que o Chef de Alto Nível “neutraliza” o MasterChef, alegando que, em uma noite, fez 13,2 pontos — quase nove vezes mais que o rival.
Interpretação estratégica da provocação da Globo
A ação de ironizar o MasterChef — com Ana Maria Braga caracterizada como Madonna — parece ser parte de uma estratégia maior de posicionamento competitivo. Aqui vão pontos que valem destacar:
Vantagens esperadas
1. Reforço simbólico — fazendo com que a estrela da Globo (“casa”) entre na narrativa de confronto, a emissora declara publicamente que está confiante no seu produto. É um sinal para anunciantes e para o mercado de que “tem jogo”.
2. Amplificação de buzz — provocações públicas e situações surpreendentes tendem a gerar repercussão gratuita em redes sociais e cobertura midiática, elevando a visibilidade do programa.
3. Exploração de audiência residual — mesmo que o MasterChef tenha núcleo de público, os números mostram que, no quesito TV linear, o Chef de Alto Nível domina com folga. Logo, até atacar rival também sinaliza “quem manda” na faixa.
4. Consolidação de liderança no segmento culinário — ao mostrar que pode superar o rival historicamente forte no tema gastronomia, a Globo pretende afirmar que é a referência do gênero.
Riscos e pontos de cautela
1. Críticas e backlash — provocar concorrente gera desgaste. Alguns espectadores consideram a comparação desrespeitosa, e pode-se gerar reações negativas, como já começou a acontecer.
2. Desconectividade com público — se a provocação for vista como arrogante, pode afastar quem vê real valor nos conteúdos do MasterChef. Nem todo público está alinhado com a “guerra de audiência”; muitos valorizam os conteúdos em si.
3. Sustentabilidade de audiência — embora o Chef de Alto Nível tenha mantido índices bastante bons, ele oscilou. Ataques externos não garantem fidelidade prolongada se o conteúdo não sustentar qualidade e envolvimento.
4. Desfocar do mérito — se a embaixada consumista for entendida como mais marketing do que substância, pode gerar desgaste à marca do programa ou da apresentadora.
5. Sobrecarga de expectativas — o público pode esperar que os próximos episódios “destruam” concorrentes constantemente. Se houver queda ou empate, a reação poderá ser de decepção maior do que num lançamento neutro.
Em termos de números, Chef de Alto Nível vence com folga nas medições de TV linear frente ao MasterChef Brasil — especialmente em São Paulo e no horário em que os dois se enfrentam.
A Globo parece estar usando essa vantagem para criar narrativa de domínio, ao mesmo tempo em que injeta um elemento provocativo para galvanizar atenção.
Mas vencer no tabuleiro de audiência não garante imunidade contra críticas ou desgaste de imagem: a provocação precisa estar respaldada por conteúdo forte e captação contínua de público.
O MasterChef, por sua vez, embora com índices menores, mantém presença digital e fidelidade de nicho — perder completamente o público não é algo trivial, sobretudo num formato já consolidado.
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