Em uma era dominada pela imagem e pelo apelo visual, Christopher Cross desafiou os padrões e provou que o talento e o romantismo de uma voz única podem conquistar corações e construir um legado atemporal. Rejeitado por não se encaixar no perfil de "Astro Pop", ele forjou um estilo próprio, deixando uma marca indelével na música.
Infância, Música e o Dom da Guitarra
Christopher Charles Geppert nasceu no Texas, filho de um médico militar. A infância marcada por constantes mudanças de cidade fez da música seu refúgio. Muito jovem, aprendeu a tocar violão, inspirado por bandas como Beatles e The Beach Boys. Na adolescência, aprofundou-se na guitarra, desenvolvendo uma técnica e um estilo que chamaram a atenção. Antes de suas baladas suaves, Cross era apaixonado por rock pesado, chegando a substituir, em um ensaio, Rich Blackmore da lendária banda Deep Purple. Desde cedo, ele compreendeu que sua força estaria na música, não na imagem, devido a comentários sobre sua aparência física.
O Início de uma Carreira Meteórica e um Marco na História do Grammy
Nos anos 70, Christopher Cross aprimorou seu estilo em pequenos grupos, tocando em bares e clubes, até começar a compor suas próprias músicas. Seu estilo, com melodias envolventes, letras e arranjos sofisticados, chamou a atenção de produtores. Em 1979, ele assinou com a Warner e lançou seu primeiro álbum solo, "Christopher Cross". O disco, uma mistura de pop, soft rock, jazz e música orquestral, foi um sucesso instantâneo. A capa, com um flamingo sobre fundo verde, simbolizava sua decisão de priorizar a música sobre a aparência.
O álbum gerou quatro hits que dominaram as paradas:
"Ride Like the Wind" (alcançou o 2º lugar na Billboard)
"Sailing" (chegou ao topo das paradas e se tornou sua canção mais lembrada)
"Never Be the Same" (entrou no top 20 nos Estados Unidos)
"Say You'll Be Mine" (rendeu uma indicação ao Grammy)
Em 1981, Christopher Cross fez história ao ganhar os quatro principais prêmios Grammy em uma única noite: Álbum do Ano, Gravação do Ano, Canção do Ano e Artista Revelação, um feito inédito para um artista estreante.
O Oscar e a Era MTV
Em 1981, foi convidado a compor a música tema do filme "Arthur, o Milionário Louco". A canção "Arthur's Theme (Best That You Can Do)" repetiu o sucesso, alcançando o primeiro lugar na Billboard e rendendo-lhe um Oscar de Melhor Canção Original e um Globo de Ouro.
Em 1983, lançou seu segundo álbum, "Another Page", que, embora não tenha tido o mesmo impacto comercial, emplacou hits como "All Right" (top 20 americano, usado na cobertura da NBA) e "Think of Laura" (top 10 da Billboard). No Brasil, "All Right" e "Think of Laura" se tornaram constantes nas rádios e programas de TV, consolidando uma base de fãs fiel. Muitas de suas músicas, incluindo "Arthur's Theme", "Never Be the Same", "All Right" e "Think of Laura", fizeram parte de trilhas sonoras de novelas.
No entanto, a ascensão da MTV em 1981 mudou a indústria musical, priorizando artistas com apelo visual e videoclipes chamativos. Christopher Cross, com sua postura discreta e pouco interesse em explorar sua imagem, não se encaixou nesse novo formato, o que limitou a continuidade de sua fama.
A Consagração do Yacht Rock e o Legado Atemporal
Cross ficou conhecido por criar um novo estilo, o soft rock e o chamado "Yacht Rock", tornando seus hits inesquecíveis. Apesar de perder espaço no cenário musical principal, ele continuou ativo. Lançou álbuns como "Every Turn of the World" (1985) e "Back of My Mind" (1988), que enfrentaram dificuldades de divulgação em um mercado dominado por outros fenômenos pop da época. O dueto "I Will Take You Forever" com Frances Ruffell, do álbum "Back of My Mind", tornou-se popular em casamentos.
Nos anos 90 e 2000, Christopher Cross seguiu compondo, gravando e se apresentando, consolidando seu espaço como um artista maduro e respeitado. Seu álbum "Doctor Faith" (2011) foi considerado por muitos críticos como seu melhor trabalho desde os anos 80. Sua popularidade internacional, especialmente no Brasil, manteve-se forte, com turnês calorosamente recebidas.
Hoje, Christopher Cross é lembrado como um artista que marcou uma era. Sua obra se tornou referência no Yacht Rock, e ele construiu um legado que continua a emocionar com sua voz e seus sucessos que marcaram gerações, provando que o talento musical transcende a imagem.
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