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Expo Preta RioMar chega à 4ª edição em novo espaço e mais foco nos negócios



Em novo espaço, com mais representatividade feminina e maior foco nos negócios, a Expo Preta RioMar chega à sua 4ª edição ampliando estrutura, visibilidade e alcance, para se consolidar como uma das principais vitrines de produtos, marcas e expressões do afroempreendedorismo na Região Metropolitana do Recife. Com duração de quatro dias, de 14 a 17 de agosto, este ano a feira será realizada na Praça de Eventos 1, em frente à escada rolante da entrada principal, no Piso L1 do RioMar Recife. O espaço estratégico e de maior circulação no shopping propicia um maior fluxo de visitantes, expandindo o potencial de vendas e conexões dos expositores.

A mudança de local é parte de um movimento de amadurecimento da feira, que nesta edição abriga cerca de 20 marcas autorais, reunindo uma diversidade de produtos nos segmentos de moda, beleza, arte e decoração. Com uma área mais ampla, a mostra contará com araras e vitrines de roupas, acessórios, biojoias, artesanato, produtos de beleza e peças de arte que traduzem a identidade e a ancestralidade das pessoas  afroempreendedoras. Segundo Thayara Paschoal, gerente de Sustentabilidade do Grupo JCPM, a Expo Preta RioMar fortalece ano a ano o compromisso com a equidade racial, valorizando o talento, a criatividade e a potência dos empreendedores negros. “É uma construção coletiva, que conecta propósito, território e oportunidade.”

Afroempreendedorismo feminino

O protagonismo feminino ganha ainda mais força nesta edição: a maioria das marcas presentes foi idealizada e é conduzida por mulheres negras. É o caso de Marly Soares, 64 anos, que empreende há 6 com a Marly Joias Artesanais. Para ela, chegar à maturidade empreendendo é resistir. “Expor no RioMar é estar no lugar certo. Claro que queremos vender, mas vai além disso. Nosso negócio precisa de visibilidade, de apoio, de uma rede de sustentação. Quando somos convidadas para um evento como esse, essa rede se forma. Isso é muito gratificante. Quero inspirar outras mulheres para que olhem pra mim, com minha idade e meus cabelos grisalhos, e digam: ‘Eu também posso estar ali’”, afirma.

A resistência e a longevidade do negócio de Marly, que desafia o tempo e as estatísticas, ilustra um dado relevante desta 4ª Expo Preta RioMar: um índice superior a 80% dos negócios participantes existem há mais de cinco anos. Trata-se de um marco expressivo frente ao cenário do empreendedorismo no Brasil, onde grande parte das empresas não sobrevive além desse período. Uma dessas marcas consolidadas é a Zalika, da estilista Marta da Silva. Criada há dez anos a partir do desejo de unir identidade e moda, o empreendimento trabalha com roupas autorais voltadas ao bem-estar e à autoestima da mulher negra. Ao longo de sua trajetória como afroempreendedora, Marta conta que enfrentou inúmeros desafios – desde o acesso a recursos até a superação de preconceitos estruturais –, mas acredita que cada obstáculo também trouxe aprendizados que fortaleceram sua caminhada. “Hoje, enxergo o empreendedorismo como uma ferramenta de transformação pessoal e coletiva. Participar da Expo Preta é um marco desse reconhecimento e valorização. Mais do que expor produtos, é estar num espaço de celebração da cultura negra e da coletividade que se constrói a partir dela. Meu conselho? Acredite no seu propósito, estude o mercado e não desista diante das dificuldades”, compartilha Marta, que apresenta nesta edição uma curadoria especial de peças com estilo, conforto e autenticidade.

Vetor de transformação

As trajetórias de Marly e Marta se conectam a um movimento maior que a Expo Preta busca firmar: o afroempreendedorismo criativo como motor de transformação social e econômica. O Brasil já conta com  cerca de 16 milhões de empreendedores negros, segundo dados da PNAD Contínua. De 2012 a 2024, o crescimento foi de 31%. De acordo com levantamento do Sebrae, juntos, eles movimentam quase R$ 2 trilhões por ano, gerando emprego, renda, inovação e fortalecimento comunitário.

Esses números ganham forma nas histórias e iniciativas reunidas na quarta edição da Expo Preta RioMar. Entre os empreendimentos presentes, destacam-se projetos que combinam criatividade, engajamento social e valorização da identidade negra. Um exemplo é o da artista visual Yane Mendes, da marca Olho de Rata, que transforma cenas da favela em arte estampada, levando às ruas galerias móveis de resistência e memória. Já a produção coletiva das mulheres marisqueiras Quilombolas de São Lourenço dá vida a acessórios feitos à mão com insumos naturais sustentáveis, gerando renda e visibilidade para sua comunidade. 

A Du.ife, por sua vez, resgata a ancestralidade afro-brasileira por meio de roupas e acessórios sustentáveis, enquanto a Moda Mangue Biojoias traduz a natureza do mangue pernambucano em peças únicas, criadas com consciência ambiental. Também integra o grupo a Marinho Laces, com apliques e acessórios voltados ao cuidado dos cabelos afro.

Outras marcas ampliam ainda mais o repertório da feira, como a Escama Fina, que expressa a estética do hip hop em acessórios com forte carga ancestral, e a Negra Rosa, com uma linha de higiene e beleza pensada especialmente para pele e cabelos de pessoas negras, com ingredientes naturais. A Noda.PE valoriza o regionalismo nordestino com produtos como camisas, canecas e ecobags que evocam memória afetiva e pertencimento. Na joalheria, a Nuvem de Prata apresenta acessórios em prata com inspiração minimalista e raízes pernambucanas. Odara Designer traz peças que rompem padrões e vestem corpos diversos, ao passo que Odara Feito por Elas aposta em camisas com estamparia exclusiva e discurso visual voltado à ancestralidade e à diversidade.

Lassana Moda leva à feira criações do estilista senegalês Lassana Mangassouba, com tecidos e estampas africanas que unem tradição e sofisticação. A marca Pano Amostrado é outro destaque da moda independente produzida no Recife, enquanto a Timóteo aposta em roupas feitas com reaproveitamento de tecidos naturais, priorizando a produção artesanal e sustentável. Completando o time, a multiartista Salamandra, da Salamandra, apresenta peças que mesclam afrofuturismo, ancestralidade e reaproveitamento de materiais, refletindo sua trajetória de mais de 20 anos na moda, na arte-educação e nas artes visuais.

A pluralidade de experiências inclui trajetórias como a da artista e arquiteta Magdala, fundadora da Entre Pontes. Nascida durante a pandemia, a marca foi construída com materiais doados e talento autodidata. “Foi a Entre Pontes que me manteve ativa e financeiramente estável durante dois anos de isolamento. Hoje, levo minha arte para murais, oficinas e feiras, e participar da Expo Preta é a chance de furar a bolha. Aqui conseguimos nos olhar, nos reconhecer, perceber que não estamos sozinhas. Levo quadros, ímãs e impressões que representam minha caminhada e a cultura negra que me inspira. É onde consigo planejar, vender e me organizar para crescer de forma sustentável.”

Expectativas

Para quem estreia na feira, o sentimento é de entusiasmo, como expressa a estilista e comunicadora Jessica Zarina, fundadora da Zarina Moda Afro, que carrega no próprio corpo e discurso a missão de transformar a moda em ferramenta de pertencimento. “Acredito muito na força, na potência e na importância dessa iniciativa, que fortalece, impulsiona e exalta marcas e a cultura preta”, destaca.

Na visão de quem retorna à Expo Preta, a experiência vem acompanhada de reconhecimento e amadurecimento. O artesão Robson OMaia participa da feira pela segunda vez com sua marca de acessórios em couro e comemora o lançamento da nova coleção Cobogó. “Comecei na construção civil e, após uma demissão, me reinventei com o artesanato em couro. São nove anos de aprendizado, capacitações, erros e acertos. Estar na Expo Preta é ter meu trabalho valorizado em um dos principais shoppings do país. A nova coleção traz minha identidade e o orgulho de estar crescendo. Os desafios são muitos, especialmente no acesso a técnicas e no enfrentamento da burocracia. Mas, para quem está começando, meu conselho é: nunca esteja satisfeito. Sempre pense no próximo passo.”

Premiada nacionalmente com o Troféu Ouro no Prêmio Abrasce, na categoria Sustentabilidade, a Expo Preta é reconhecida como uma plataforma estratégica de fortalecimento de negócios de impacto social. Nesta edição, com nova estrutura, o evento ressalta seu papel como ponte entre o talento de pessoas afroempreendedoras e o mercado.

Confira os perfis dos participantes: 

Du.ife – Larissa Beatriz – Marca pernambucana de roupas e acessórios que celebra a ancestralidade afro-brasileira por meio de criações exclusivas, valorizando a moda preta autoral e sustentável. Com uma abordagem autêntica, promove a representatividade e o resgate cultural em cada peça, conectando tradição e contemporaneidade. Contato: @du.ife / (81) 99279‑4691.
Entre Pontes – Mag – Produtos de arte e cultura de Magdala, artista e arquiteta com atuação marcada por criações visuais que transitam entre aquarela, telas, murais e ilustração. Com experiência em mediação cultural, curadoria e oficinas em instituições como o MAMAM e a Caixa Cultural do Recife, sua trajetória articula arte, urbanismo tático e fruição cultural. Obteve reconhecimento através de prêmios da SECULT, IAB-PE e Idea Clima, refletindo um engajamento socioambiental. Contato: @entrepontes.rec / (81) 99631‑1447.
Escama Fina Joalheria – Trícia de Almeida – Marca que expressa moda hip hop e propaga a cultura ancestral dos acessórios nos ritmos e movimentos periféricos.
Contato: @escamafina_ / (81) 98608‑9917.
Lassana Moda – Anne Kelly – Roupas africanas produzidas pelo estilista e costureiro senegalês Lassana Mangassouba. Contato: @lassanamoda / (81) 97401‑1757.
Marinho Laces – Joana Marinho – Apliques e acessórios para cabelos (laces) feitos por uma afroempreendedora que atua na área da beleza há mais de três anos. Contato: @marinholaces / (81) 9 9222‑2122.
Marly Joias Artesanais – Marly Soares – Joias em prata 950 produzidas à mão e com significado ancestral. Contato: @marly.soaresjoiasartesanais / (81) 99640‑8642.
Moda Mangue Biojoias – Lu – Peças que mesclam design sustentável com biojoias inspiradas no mangue e na natureza pernambucana, valorizando estética negra e biodiversidade. Contato: @modamanguebiojoias / (81) 98614‑5526.
Negra Rosa – Marta Soares – Produtos de higiene e beleza voltados ao cuidado da pele e cabelos afro, com foco em ingredientes naturais. Contato: @negrarosamarta / (81) 98625‑3747.
Noda.PE – Diego Santos – Roupas e acessórios, produtos de arte e cultura. Marca de produtos regionais bem bairrista que tem a finalidade de trazer nostalgia, afirmação e um pedaço do “meu país” Nordeste em cada produto. Trabalha com copos, canecas, garrafas, ecobags, panos de prato e camisas, entre outros. Contato: @noda.pe / (81) 99781‑5004.
Nuvem de Prata – André Lima – Marca de acessórios em prata que carrega histórias, raízes e um brilho que atravessa o tempo. Atemporal, minimalista e com orgulho pernambucano no peito. Contato: @nuvemdeprata / (81) 99723‑5360 / (81) 99548‑3834.
Odara Designer – Vânia Paraíso – Marca olindense de roupas e acessórios surgida da necessidade de quebrar paradigmas, para vestir corpos diversos, independentemente de gênero, classe social ou quaisquer outras crenças limitantes. Contato: @odaradesigner / (81) 99780‑9579 / (81) 98676‑9028.
Odara Feito por Elas – Wilzerlania Maria da Silva – Marca de moda que investe em camisas de estamparia exclusiva e autoral, com design e valores relacionados à diversidade e ancestralidade. Veste corpos reais com arte e propósito. Contato: @odarafeitoporelas / (81) 99754‑7692.
Olho de Rata – Yane Mendes – Marca da artista visual com mais de 10 anos de experiência, cineasta periférica, articuladora de favelas e educadora popular. Criadora da Cangartivista, transforma retratos da favela em arte estampada, criando galerias móveis que ocupam o mundo. Seu olhar de mulher preta favelada entende que há cenas na favela que merecem ser congeladas e espalhadas. Sua arte é denúncia, memória e afirmação de um território que existe  e que a sociedade precisa não só enxergar, como valorizar. Contato: @olhoderata / (81) 98608‑2376.
OMaia – Robson OMaia – Artesão por vocação e paixão, há 9 anos Robson decidiu se reinventar ao mergulhar no universo do couro. Desde então, sua jornada na confecção de artigos em couro tem sido marcada por criatividade e dedicação. Participa de eventos de artesanato renomados, como Fenearte e Salão do Artesanato. Contato: @omaia / (81) 99808‑3744.
Pano Amostrado – Amanda Maciel – Marca de moda independente, autoral e totalmente recifense. Contato: @panoamostrado / (81) 9 9542‑0273.
Quilombolas de São Lourenço – Geane Cardozo da Costa / Cecília Gouveia da Silva –  Mulheres marisqueiras quilombolas, artesãs que criam e produzem acessórios artesanais e sustentáveis de moda desde 2009 em São Lourenço. Produtos feitos de tempo, talento e amor, para durar e encantar. Cada peça é única recheada de história e singularidade. Contato: @quilombolasdesaolourencobr / (81) 99241‑4327. 
Salamandra – Salamandra / Flávia de Souza – Multiartista, estilista, arte-educadora e muralista, Salamandra tem mais de 20 anos de trajetória nas artes visuais e na moda sustentável. Suas criações únicas misturam afrofuturismo, ancestralidade e reaproveitamento de materiais. Atua em comunidades, exposições e eventos, promovendo cultura, identidade e transformação social. Contato: @tocasalamandra / (81) 98435‑3315.
Timóteo – Tiago Santos Salvado de Araújo – Roupas de produção artesanal e responsável, em que mais de 60% da matéria-prima é proveniente do reaproveitamento de retalhos de tecidos naturais. Contato: @timoteoinsta / (81) 97102‑1027.
Zalika – Marta da Silva – Roupas e acessórios com alma, traço e propósito. Cada peça carrega a liberdade de ser quem se é. Zalika é vestir arte, com afeto e identidade. Contato: @lojazalika / (81) 98805‑8173.
Zarina Moda Afro – Jessica Zarina – Multiartista, empresária da moda e comunicadora, Zarina atua no fortalecimento de mulheres e artistas periféricos através da moda, ancestralidade e cultura afro-brasileira. Lidera projetos como Moda Preta Autoral em Conexão Ancestral e realiza oficinas e palestras sobre moda afro-diaspórica. Foi destaque no Itaú Mulher Empreendedora (2024) e já recebeu prêmios e vivências internacionais pelo seu trabalho cultural. Contato: @zarinamodaafro / (81) 98489‑2997.

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