Quando uma criança muito pequena tem uma habilidade excepcional de leitura, avançada para a sua idade, ela pode ter um distúrbio chamado hiperlexia. A hiperlexia é um distúrbio que se manifesta através de uma facilidade espontânea e precoce com a memorização de letras e números. Isso pode ocorrer a partir dos 18 meses e, antes dos 4 anos. Embora a leitura precoce não pareça ser algo com que se preocupar, a hiperlexia pode ser um sinal de autismo ou outra síndrome semelhante, quando acompanhada por atrasos nas habilidades de comunicação. A identificação precoce pode beneficiar o desenvolvimento da criança. No entanto, pode se tratar apenas de um traço do desenvolvimento sem ligação com outros transtornos.
Na hiperlexia, as crianças conseguem ler letras e números, mas apresentam outros déficits, como dificuldade de socialização e comunicação. Muitas vezes, a hiperlexia pode vir acompanhada de ecolalia, que é a repetição de frases e sentenças sem que haja compreensão do seu significado. Neste caso, a criança consegue ler, mas de maneira mecânica. Existem estudos que defendem a ideia de que a hiperlexia proporciona à pessoa a capacidade da leitura, porém de uma forma que ela não compreende o que está escrito. Outros sintomas comuns são: déficits na linguagem e comunicação, boa memória, dificuldade para compreensão do contexto verbal, atrasos nas habilidades linguísticas, dentre outros. O apego à rotina e a dificuldade em aceitar mudanças também são particularidades da hiperlexia. Para as crianças hiperléxicas pode ser muito difícil alterar horários de suas atividades e hábitos diários, sendo que ela procura padronizar a sua rotina.
O importante é saber reconhecer esses sinais precocemente e buscar auxílio profissional. Se o seu filho ou aluno apresentar sintomas de hiperlexia, o mais indicado é levá-lo ao pediatra para uma avaliação. Quanto antes for realizado o diagnóstico e a verificação de algum transtorno, como, por exemplo, o autismo, melhor será para o desenvolvimento da criança. O tratamento da hiperlexia se dá por meio de uma equipe multidisciplinar, pois é importante que haja profissionais de áreas distintas para que seja encontrada a alternativa mais indicada à criança com hiperlexia.
(*) Luciana Brites é CEO do Instituto NeuroSaber, psicopedagoga, psicomotricista, mestre e doutoranda em distúrbios do desenvolvimento pelo Mackenzie, palestrante e autora de livros sobre educação e transtornos de aprendizagem. Instituto NeuroSaber https://
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