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Novembro Azul: as estratégias de combate ao Câncer de Próstata




O dia 27 de novembro é conhecido como o Dia Nacional de Combate ao Câncer, e o mês que carrega o símbolo do novembro azul, marca o mês com campanhas de combate, prevenção e conscientização do câncer de próstata nos homens. Muitas vezes tratado como tabu, essa doença deve ter atenção redobrada para a saúde masculina, para que haja mais sucesso de cura nos milhares de casos. Consultamos especialistas para explicar como essa doença se comporta e como o estilo de vida pode ajudar nesse cenário, confira:


O câncer de próstata é uma condição na qual as células da próstata, uma glândula localizada abaixo da bexiga e à frente do reto nos homens, começam a se multiplicar de maneira descontrolada. A próstata é uma parte crucial do sistema reprodutor masculino e desempenha um papel na produção de líquido seminal.


A doença em sua maioria ocorre de forma esporádica (sem relação familiar previamente conhecida), no entanto existe uma parcela considerável de pacientes que possui forte histórico familiar positivo para a doença. Atualmente já se conhece diversos genes que estão ligados com o desenvolvimento do câncer de próstata, e isto é importante pois existem testes comercialmente disponíveis para identificá-los, de modo saber quais pessoas estão sob maior risco, porém vale ressaltar que a realização de testes não deve ser realizada para qualquer pessoa, mas sim para aqueles que possui indicação médica após avaliação cautelosa de todo histórico familiar. 


André João Rossi (@andrejoao.rossi), oncologista clínico pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, formado em clínica médica pela Universidade de São Paulo, diz que o rastreamento do câncer de próstata é muito controverso na medicina, pois não tem sido claramente demonstrado que utilizar a dosagem do antígeno prostático específico (PSA) consegue reduzir a chance de uma pessoa morrer por câncer de próstata (por muitas vezes detectar um tumor de baixo potencial agressivo), além de estar associado a efeitos deletérios como ansiedade, necessidade de biópsia prostática, e indicação de tratamentos excessivos. Portanto, a decisão de rastrear o câncer de próstata deve ser compartilhada entre o paciente e o médico. Caso seja optado pelo rastreio, este deve ser feito com a dosagem do PSA a cada um ou dois anos, iniciando ao redor dos 50 anos para pessoas de risco habitual, aos 45 para pessoas negras ou histórico familiar positivo para a doença, e aos 40 anos para pessoas com mutações genéticas conhecidas relacionadas ao câncer de próstata.


Após o diagnóstico confirmado do câncer de próstata, realiza-se o estadiamento da doença, para se averiguar qual extensão da doença (se localiza-se apenas na próstata e sua vizinhança ou se a doença tem acometimento de órgãos mais distantes). Caso a doença seja localizada, temos opção de tratamento local com cirurgia ou realização de Radioterapia, sendo que a escolha entre as modalidades vai levar em conta a preferência do paciente, perfil de efeitos colaterais de cada opção, e disponibilidade.  


Por outro lado, caso a doença seja metastática (acometendo órgãos distantes) o tratamento angular é a deprivação androgênica, ou seja, uso de estratégias, por meio de injeções ou cirurgia para retirada dos testículos, para bloquear a produção da testosterona, que é o principal hormônio relacionado ao crescimento do câncer de próstata. Associa-se à deprivação androgênica estratégias adicionais a depender do perfil do paciente e características próprias da doença, incluindo quimioterapia e bloqueadores adicionais da via da testosterona.


André finaliza ao dizer que o câncer de próstata é uma das doenças que mais recebe incentivos para pesquisa, devido sua elevada frequência na população. Existem diversos estudos em andamento com objetivo de avaliar a incorporação de novas formas de tratamento na doença avançada de forma a aumentar a sobrevida destes pacientes, além de tentar identificar novos alvos passíveis de tratamentos direcionados, o que recebe genericamente o nome de terapia de precisão. Há estudos também tentando aperfeiçoar formas de diagnóstico e melhorar a capacidade de mapeamento acurado da doença.


Relação com a testosterona 


Rodolfo Duarte, médico atuante na área de endocrinologia, nutrologia e medicina do esporte do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais) de Cabo Frio/RJ, argumenta que até o momento, os estudos mostram que a reposição de testosterona, com nível hormonal dentro da faixa de normalidade, não possui relação com o surgimento ou piora de câncer de próstata e inclusive, pode ser útil na prevenção, visto que em estudos mais recentes, foi demonstrado que a incidência de câncer de próstata foi maior em indivíduos com testosterona baixa, sem reposição, em comparação aos pacientes que tiveram acompanhamento e fizeram reposição hormonal.


De acordo com ele, para entender como a testosterona pode ser pensada em estudos experimentais como terapia nos pacientes com câncer de próstata, temos que pensar na próstata com um número finito de receptores para testosterona, que podem ativar o crescimento da próstata, mas somente até um certo ponto, que é o ponto onde todos esses receptores estão ativados. Caso a testosterona se mantenha em um nível mais elevado, estes receptores estão sempre “ocupados”, de modo que a doença não irá piorar.


Não há relação de tratamentos feitos para emagrecimento, com surgimento e piora de câncer de próstata, mesmo em indivíduos considerados com maior propensão genética, por exemplo, os que possuem familiar de primeiro grau com a doença, pois os tratamentos para emagrecimento, em geral, atuam em outras vias e hormônios, sendo o uso de testosterona, reservado aos que possuem deficiência e estes, como já vimos, terão inclusive um provável efeito protetor, como mostram os estudos mais recentes, além de melhora de composição corporal, com perda de gordura e ganho de massa muscular, quando a terapia for bem indicada.


“Agora, se pensarmos em pessoas com a doença e testosterona muito oscilante, sem reposição, estes receptores da próstata estarão sempre ligando e desligando, tendo atividade e com isso, piorando a doença, Por isso a terapia faz sentido, pois ela mantém a testosterona em nível mais alto e estável, sem oscilações e por isso, sem avanço do câncer. Porém mais estudos ainda são necessários para validar este uso da testosterona como terapia”, completa. 


Alimentação e estilo de vida 


Uma dieta para a prevenção e tratamento do câncer de próstata geralmente inclui alimentos ricos em antioxidantes, como frutas, vegetais, peixes gordurosos, nozes e sementes. Reduzir o consumo de carne vermelha e produtos lácteos com alto teor de gordura também é recomendado. Além disso, para um estilo de vida saudável é importante praticar atividade física regularmente e limitar o consumo de álcool. Sobrepeso e obesidade são fatores de risco para câncer, como um todo.


Tatiane Schallitz, nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais (@NutrindoIdeais) e graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), indica alimentos que podem diminuir o risco do câncer de próstata devido às suas propriedades nutritivas e antioxidantes. Esses incluem:


- Peixes ricos em ômega-3: demonstraram ter efeitos protetores contra o câncer;

- Vegetais crucíferos: brócolis, couve-flor e repolho contêm substâncias que podem ajudar na prevenção do câncer;

- Frutas cítricas: fontes de vitamina C e outros compostos bioativos que podem ter efeitos protetores;

- Nozes e sementes: fontes de ácidos graxos saudáveis e antioxidantes;

- Fontes de licopeno: tomate, melancia, pimentão, mamão, cenoura, dentre outros.


Se diagnosticado com câncer de próstata, é aconselhável considerar ajustes na dieta para promover a saúde e ajudar no tratamento. Alguns alimentos que podem ser prudentes evitar ou consumir com moderação:


- Carnes processadas 

- Carne vermelha

- Produtos lácteos com alto teor de gordura 

- Alimentos ricos em gorduras saturadas

- Açúcares refinados e alimentos processados


Lembrando que as orientações alimentares podem variar com base na situação de saúde específica de cada pessoa, e é sempre recomendável discutir essas mudanças com um profissional de saúde ou nutricionista para obter orientações personalizadas.


Thomáz Baêsso (@thomazbaesso), médico atuante em nutrologia, afiliado do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais) em São Paulo, com vasta experiência em emagrecimento, hipertrofia e saúde sexual, argumenta que diversos tipos de cânceres são prevenidos com exercícios, dieta saudável, ausência de fumo, bom sono e demais hábitos saudáveis de vida, o câncer de próstata, que é o segundo que mais mata homens no mundo desenvolvido, não é diferente. “Como obesidade aumenta seu risco, a dieta e exercícios diminuem as chances”, finaliza.


REFERÊNCIAS:


https://prostatecanceruk.org/prostate-information-and-support/risk-and-symptoms/can-i-reduce-my-risk


Zhang X, Zhong Y, Saad F, Haider KS, Haider A, Clendenin AG, Xu X. Testosterone therapy may reduce prostate cancer risk due to testosterone deficiency at a young age via stabilizing serum testosterone levels. Aging Male. 2020 Jun;23(2):112-118. doi: 10.1080/13685538.2019.1578739. Epub 2019 Mar 12. PMID: 30857458.


https://www.urologytimes.com/view/how-testosterone-therapy-use-in-men-with-prostate-cancer-has-evolved


Morgentaler A 3rd, Conners WP. Testosterone therapy in men with prostate cancer: literature review, clinical experience, and recommendations. Asian J Androl. 2015 Mar-Apr;17(2):206-11. doi: 10.4103/1008-682X.148067. PMID: 25652633; PMCID: PMC4650486.


Eur Urol 2008 Jan;53(1):68-80

Eur Urol 2011 Jan;59(1):61-71

Eur Urol 2011 Apr;59(4):572-83


Lowrance W, Breau R, Chou R, et al. Advanced prostate cancer: AUA/ASTRO/SUO guideline. https://www.auanet.org/guidelines/advanced-prostate-cancer


FONTES: 


André João Rossi (@andrejoao.rossi), oncologista clínico pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, formado em clínica médica pela Universidade de São Paulo.


Rodolfo Duarte, médico atuante na área de endocrinologia, nutrologia e medicina do esporte do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais) de Cabo Frio/RJ. 

Médico formado pela UERJ, pós graduado em endocrinologia e metabologia pelo Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione/PUC Rio. Pós graduando em medicina do Exercício e do esporte pela PRIMUM São Paulo.


Tatiane Schallitz, nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais (@NutrindoIdeais) e graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). 

Além disso, é pós-graduada em Fitoterapia pela UNIFATEC. Antropometrista ISAK I e com experiência em Nutrição Esportiva, Comportamental e Vegetarianismo.


Thomáz Baêsso (@thomazbaesso), médico atuante em nutrologia, afiliado do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais) em São Paulo, com vasta experiência em emagrecimento, hipertrofia e saúde sexual.

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