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Brasil e África já foram ligados por um tobogã de gelo


Alguns dos desertos mais famosos do mundo estão localizados na Namíbia, país banhado pelo Oceano Atlântico localizado entre Angola e África do Sul. Fica difícil imaginar que, em tempos remotos, aquela paisagem amarelada pela aridez era completamente branca, repleta de geleiras. Há 300 milhões de anos, a Terra era muito diferente do que é hoje: todos os continentes estavam agregados em uma única massa de terra, a Pangeia. Nessa época, África e a América do Sul eram continentes virtualmente grudados. Agora, geólogos descobriram que Namíbia e Brasil – ambos países litorâneos e quentes para dedéu – já estiveram curiosamente conectados por um enorme “tobogã” de gelo.

Naquela época, o território do país africano ficava próximo do Pólo Sul, e estava soterrado por uma gigantesca calota polar. Conforme essas geleiras iam derretendo, o gelo seguia em alta velocidade por essa espécie de “autoestrada” glacial e acabava depositado no solo do que é hoje o Brasil. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos, apresentou evidências importantes disso – informações que podem ajudar os especialistas a reconstituir o estado da Terra no final da era Paleozoica. O artigo, publicado em janeiro no periódico PLoS One, descreveu os detalhes desse fluxo de gelo em direção a terras canarinhas. A peça-chave para montar o quebra-cabeça foi uma formação rochosa especial encontrada em grandes quantidades nos desertos da Namíbia. Chamadas em inglês de “drumlins“, são uma espécie de colina sedimentar com formato alongado, semelhante às costas de uma baleia.

Elas se formam devido à ação dos glaciares e do derretimento das geleiras. Quase 100 dessas estruturas foram caracterizadas através de imagens de satélite. Os drumlins da Namíbia foram localizados por acaso, durante uma pesquisa de campo do líder do estudo, o geólogo Graham Andrews, e sua colega e esposa Sarah Brown. O enigma havia começado no sul do Brasil, em formações geológicas da Bacia do Rio Paraná, chamadas de “Grupo Itararé“, onde existem grandes depósitos de rochas glaciais. Conforme os cientistas explicaram ao jornal The New York Times, eles já haviam previsto que aquelas formações precisavam ter sido alimentadas por fluxos de gelo que partiam de algum lugar no sul da África. Agora, parece que a questão foi solucionada.

Diversas fontes da literatura científica brasileira foram usadas na pesquisa para caracterizar o abundante depósito de material proveniente de glaciares em nosso território. Ligando uma peça na outra, a pesquisa concluiu que a antiga Namíbia era a fonte desses sedimentos, produzindo um intenso fluxo de gelo que deixava marcas no relevo — os drumlins. Esse comportamento pode ser comparado às atuais Groenlândia e Antártida. Ou seja: o estudo dessas formações do passado pode nos ajudar a entender o que vai acontecer no presente e no futuro, com o derretimento frequente de geleiras e um mundo cada vez mais quente. “Essas superrodovias de gelo são, na verdade, aquilo que acontece quando calotas polares morrem”, lamenta Andrews.

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