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Explorando o Potencial do Hidrogênio de Baixo Carbono a partir da Reforma do Etanol no Brasil




Cada vez mais, enfrentamos condições climáticas adversas, que trazem preocupações e incertezas quanto ao futuro do planeta. Se não buscarmos uma forma eficaz de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, enfrentaremos situações em que os efeitos climáticos naturais superarão nossa capacidade de mitigação. O Brasil assumiu um compromisso desafiador no Acordo de Paris: reduzir em 37% as emissões em comparação aos níveis de 2005 até 2025 e em 43% até 2030.


Observa-se um movimento mundial crescente pela utilização do hidrogênio de baixo carbono como substituto aos combustíveis fósseis, especialmente a partir da guerra entre Rússia e Ucrânia. A produção de hidrogênio tornou-se peça-chave para a transição energética, e o Brasil, com sua abundância de recursos renováveis, tem um enorme potencial nesse campo. Embora a eletrólise da água seja uma rota conhecida para a produção de hidrogênio, outras alternativas igualmente promissoras, como a reforma do etanol, devem ser exploradas.


O etanol, especialmente o produzido a partir da cana-de-açúcar, é uma matéria-prima renovável e abundante no Brasil. Somos o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo e o segundo maior produtor do biocombustível, atrás dos Estados Unidos, que utilizam milho como matéria-prima. Esse recurso coloca o país em uma posição privilegiada para explorar a reforma desse combustível vegetal como forma de produzir hidrogênio renovável. Esse processo envolve a conversão do etanol em hidrogênio e outros subprodutos, utilizando catalisadores e calor.


Um exemplo notável dessa tecnologia é o projeto da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Shell Brasil, Raízen, Hytron e Senai CETIQT. Eles estão desenvolvendo uma estação experimental para a produção de hidrogênio a partir do etanol. O projeto é fundamental para validar o uso deste como matéria-prima para hidrogênio renovável, demonstrando sua viabilidade econômica e ambiental no contexto brasileiro. Além disso, o etanol pode ser transportado em sua forma líquida, facilitando a exportação e a conversão em hidrogênio renovável em outros países.


Não podemos deixar de mencionar que a produção de etanol de segunda geração, utilizando resíduos como o bagaço de cana, exemplifica uma prática de economia circular. Este processo não só aumenta a eficiência da produção do biocombustível, mas também gera biochar, um subproduto que pode ser aplicado ao solo para melhorar sua qualidade e sequestrar carbono. Ou seja, tanto a cana-de-açúcar quanto seus resíduos podem ser utilizados para geração de hidrogênio renovável e ainda beneficiar o solo.

 

O Brasil já possui uma infraestrutura robusta para a produção e distribuição desse combustível renovável, o que reduz significativamente os custos associados ao transporte e armazenamento de hidrogênio. Com o desenvolvimento contínuo de tecnologias e a implementação de políticas de incentivo, a produção de hidrogênio via reforma do etanol pode se tornar uma opção competitiva e sustentável, contribuindo significativamente para a descarbonização da matriz energética do país.


Portanto, é essencial que o Brasil explore e invista nessas alternativas, aproveitando nossa riqueza em recursos renováveis e infraestrutura existente, incluindo gasodutos. Isso não só ajudará a reduzir nossas emissões de carbono, mas também posicionará o Brasil como um líder global na produção de hidrogênio de baixo carbono, promovendo uma transição energética sustentável e eficiente.Andrea Villaça

 é graduada em Administração, com MBA em Gestão de Negócios e pós-graduação em Formas Alternativas de Energia. Tem sólida experiência em governança corporativa, assuntos regulatórios e energias renováveis. É Conselheira de Administração na ABHAV – Associação Brasileira de Hidrogênio e Amônia Verdes e CEO da ALV Consultoria.


Sobre a ABHAV Associação Brasileira de Hidrogênio e Amônia Verdes

 

A ABHAV foi fundada em fevereiro de 2023 como resultado de um comitê formado por mais de 60 empresas de diversos setores, interessadas pelo tema de hidrogênio de baixo carbono e derivados. O comitê se consolidou como uma associação dedicada ao avanço de um mercado mais sustentável ambientalmente.


Associação Brasileira de Hidrogênio e Amônia Verdes reúne profissionais e empresas interessados no desenvolvimento do mercado de Hidrogênio e Amônia de baixo carbono, fundamentais na transição energética em escala Nacional e Global desde a sua produção até o consumo, abrangendo todas as fontes e rotas de baixo carbono. Seu objetivo é aprimorar e fomentar o desenvolvimento desses setores, fortalecendo o uso de energias renováveis, representando o setor perante os órgãos governamentais, protegendo e defendendo seus interesses.


Em fevereiro de 2024, a ABHAV formalizou sua adesão ao Pacto Brasileiro pelo Hidrogênio Renovável que reúne outras quatro entidades representantes do setor privado em um acordo de cooperação para acelerar o desenvolvimento do mercado brasileiro de hidrogênio renovável. O Pacto tem objetivo de impulsionar a descarbonização e a competitividade da economia brasileira.


ABHAV reconhece o enorme potencial do hidrogênio de baixo carbono como vetor energético limpo e versátil. Sua produção a partir de fontes renováveis contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa e para a construção de um futuro mais sustentável.

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