Um dos maiores eventos vegetarianos e veganos das Américas, o 10º Vegfest 2023, que acontece de 30 de novembro a 3 de dezembro no Expo Center Norte, em São Paulo, além da grande feira de exposições aberta ao público, tem aberto espaço para a discussão de temas relevantes, informativos e de grande importância para a conscientização sobre a alimentação à base de plantas e vegetais, por meio de palestras apresentadas por empresários, influenciadores, artistas, ambientalistas, entre diversos especialistas que militam pela defesa da vida animal e alimentação saudável dos seres humanos. Entre os temas apresentados, um dos destaques foi a palestra “Sistema alimentar à base de vegetais como indutor dos cinco pilares do desenvolvimento sustentável”, levado ao público pela diretora executiva da organização Mercy For Animals no Brasil (MFA), Cristina Mendonça.
Cristina considera que uma das maiores crises do Planeta atualmente é a climática, e pontuou que não é possível lidar com este tema sem considerar os sistemas alimentares. “Globalmente, mais de 60% das emissões de gases do efeito estufa se devem aos combustíveis fósseis. Mas mesmo que se interrompa todas estas emissões, isso não é suficiente para lidar com a crise climática". Ela complementa: "No Brasil, quase 74% das emissões estão atreladas aos sistemas alimentares”, destacando a importância do País nesse cenário, já que é um dos maiores consumidores, produtores e exportadores de proteína animal, portanto, com grande responsabilidade e papel de liderança nessa transição dos sistemas alimentares.
Com um discurso eloquente baseado em dados estatísticos, a executiva apresentou um raciocínio lógico apoiado em pesquisas científicas, indicando a total insustentabilidade de nossos atuais meios de produção e consumo. O ser humano representa apenas 0,01% da massa viva na Terra. No entanto, ele destruiu 83% dos mamíferos selvagens. “O ser humano representa 36% da massa de todos os mamíferos do planeta. Só que 60% da massa dos mamíferos são os animais de fazenda, criados para alimentar os 36%. E somente 4% são mamíferos selvagens. Entre os pássaros, 70% são aves de criação e apenas 30% são aves selvagens”, detalha, ressaltando um grande desbalanceamento do equilíbrio ambiental.
Contextualizando sua apresentação com foco em dados econômicos, Cristina apresentou dados do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e da Organização Internacional do Trabalho, de 2021, que mostram que a transição para uma economia de baixo carbono na América Latina até 2030 pode gerar 22,5 milhões de empregos, dos quais 19 milhões estão atrelados à transição dos sistemas alimentares baseados em vegetais.
“É uma oportunidade extraordinária. Se considerarmos que pesquisas como a do Credit Suisse têm indicado que o potencial do mercado de alimentação à base de plantas vai ser em torno de US$ 1,4 trilhões até 2050, temos todas as evidências importantes para o Brasil se lançar nesse mercado”, indica Cristina, fazendo uma provocação: “vamos aguardar essa catástrofe ambiental para tentar reagir ou vamos responder a essa oportunidade com protagonismo e liderar esse movimento no mundo?”
Cristina finalizou sua apresentação apontando ainda que sem-número de dados científicos comprovam a natureza sensível e mentalmente capaz dos animais não humanos de sofrerem dor, medo, opressão e diversos comportamentos que até então eram atribuídos apenas aos animais humanos que, ao negar a senciência dos animais, justiça seu abate para consumo.
“Só conseguiremos fazer essas transformações e garantir a sobrevivência no planeta e a prosperidade se atuarmos em conjunto, nos diversos níveis de governos, do setor corporativo, e toda a sociedade. E corporações e governos são feitos por pessoas, não são uma entidade. O engajamento individual é crucial, enfatiza.
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