A imunoterapia, mais conhecida como vacina para alergia, é um tratamento centenário, porém, vem ganhando destaque nos últimos anos pelo aumento no número de alergias e, consequentemente, como uma das ferramentas mais eficazes para asma, rinite e dermatite atópica.
Tradicionalmente, a vacina para alergia é aplicada de forma subcutânea, mas com os avanços da área já é possível encontrar o tratamento na forma sublingual, que oferece menos riscos de reações adversas como a anafilaxia, a mais grave entre elas. A via sublingual é indicada a partir de dois anos de idade e a via subcutânea em crianças a partir de cinco anos. Atualmente , a literatura também vem demonstrando bons resultados em idosos.
O Coordenador do Departamento Científico de Imunoterapia da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), Dr. Fernado Aarestrup, explica abaixo sobre eficácia e até possível remissão de algumas doenças alérgicas, como a rinite, por exemplo.
A imunoterapia tradicional é realizada de forma subcutânea, mas essa pode dar reações adversas como a anafilaxia? Como deve ser feita para dar segurança ao paciente?
Fernado Aarestrup - A imunoterapia por via subcutânea deve ser sempre realizada sob supervisão médica. Preferencialmente, a aplicação dever ser feita na própria clínica do médico alergista e imunologista que prescreveu o tratamento.
Recentemente, dados do Censo Brasileiro de Imunoterapia com Alérgenos revelaram que as reações sistêmicas no Brasil são muito mais comuns do que imaginávamos. O local da aplicação deve ter infraestrutura adequada e medicamentos para atender reações adversas graves como a anafilaxia, que embora não seja comum pode ocorrer. Após a aplicação, o paciente deve ficar em observação e monitorado por um período mínimo de 30 minutos. Essas recomendações estão presentes em todos os consensos científicos publicados sobre imunoterapia com alérgenos.
A imunoterapia sublingual é mais recente. Quais os benefícios em relação à subcutânea?
F.A - A imunoterapia por via sublingual já é utilizada na Europa há mais de 30 anos. No Brasil, na última década, o seu uso vem aumentando muito. O principal benefício é o alto perfil de segurança que possibilita que a aplicação possa ser feita em casa pelo próprio paciente.
Os resultados apresentados são semelhantes entre as duas, apenas os efeitos colaterais as diferem?
F.A - Os estudos sugerem que ambas as vias de aplicação são altamente eficazes. Ocorre a remissão das doenças alérgicas, particularmente rinite e asma, com controle dos sintomas em média por 10 anos, após o término do tratamento. Essa é a única forma de tratamento que atua na causa das doenças alérgicas, promovendo uma regulação do sistema imunológico.
Asma, rinite e dermatite atópica são alergias que podem ser tratadas com a imunoterapia. Dessas, quais apresentam mais resultados com a “vacina para alergia”?
F.A - O emprego da imunoterapia no tratamento da rinite e asma alérgicas apresenta resultados espetaculares. Mais recentemente, diversos estudos vêm demonstrando também a eficácia da imunoterapia no tratamento da dermatite atópica. Para o tratamento dar certo, deve ser prescrito e orientado por médico especialista em Alergia e Imunologia, que possui formação profissional adequada para realizar e indicar esse tipo de tratamento.
Descobrir a causa da alergia do paciente, utilizando testes alérgicos adequados, é sempre o primeiro passo para planejar o tratamento. A imunoterapia deve ser personalizada, ou seja, a vacina para alergia é feita seguindo as características de determinado paciente, não é algo “pronto”.
A imunoterapia pode curar alergia?
F.A - Hoje falamos em remissão da doença alérgica por muitos anos. Entretanto, existem pacientes que nunca mais apresentaram sintomas alérgicos. Portanto, a possibilidade de cura existe, mas ainda precisamos de mais dados e estabelecimento de critérios para determinarmos o que significa estar curado.
Sobre a ASBAI
A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia existe desde 1972. É uma associação sem finalidade lucrativa, de caráter científico, cuja missão é promover a educação médica continuada e a difusão de conhecimentos na área de Alergia e Imunologia, fortalecer o exercício profissional com excelência da especialidade de Alergia e Imunologia nas esferas pública e privada e divulgar para a sociedade a importância da prevenção e tratamento de doenças alérgicas e imunodeficiências. Atualmente, a ASBAI tem representações regionais em 23 estados brasileiros.
Serviço
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