Header Ads Widget

Espaço kids se torna aposta para fidelizar famílias em bares e restaurantes


Ambientes voltados às crianças ampliam a permanência e reforçam a imagem de hospitalidade

Cada vez mais, famílias brasileiras escolhem onde comer pensando também no conforto das crianças. Restaurantes e bares que oferecem espaço kids conquistam não apenas o público infantil, mas também os pais, que encontram momentos de descanso e convivência em meio à rotina corrida.

Uma pesquisa da Abrasel, em parceria com a Nogueira Brinquedos, revelou que o espaço infantil está presente em pouco mais de um quarto dos estabelecimentos de alimentação fora do lar. Foram ouvidos 1.697 empresários de todo o país, e o levantamento mostrou que a prática é mais comum em locais com serviço de salão e garçons, como churrascarias, pizzarias e restaurantes à la carte.

Entre os tipos de negócio, as churrascarias aparecem no topo, com metade delas oferecendo área infantil. Logo depois vêm os restaurantes à la carte (36%), pizzarias e casas de massas (34%) e bares e restaurantes (33%). O Centro-Oeste é a região que mais investe nesse tipo de estrutura, enquanto o Sudeste ainda apresenta os menores índices.

Mais do que um atrativo, o espaço kids vem se mostrando um elemento estratégico. Ele prolonga o tempo de permanência das famílias e cria vínculos de fidelidade com o público, mesmo sem gerar lucro direto.

O exemplo da Komka, em Porto Alegre

Em Porto Alegre, o empresário Edésio Komka, dono da tradicional Churrascaria e Galeteria Komka, percebeu cedo o valor desse tipo de espaço. O restaurante mantém uma área infantil desde o início dos anos 2000. A ideia surgiu, segundo ele, a partir de uma experiência pessoal. “Minha filha nasceu em 2001, e percebi que as famílias precisavam de um ambiente mais confortável”, conta.

Antes, as crianças brincavam em um pátio externo. Com o tempo, a área foi transformada em um espaço kids interno, com brinquedos, máquinas de diversão e acompanhamento de uma recreacionista. Edésio lembra que a aceitação foi imediata. Durante a semana, muitas famílias passam por lá no fim do dia, saindo da escola direto para o jantar. Nos fins de semana, o fluxo aumenta, e o espaço ajuda a manter o salão organizado, sem que as crianças precisem circular entre as mesas.

Ele conta que o ambiente também atrai um novo tipo de cliente. “Os pais de primeira viagem valorizam muito isso. Procuram lugares onde possam relaxar, comer tranquilos e saber que os filhos estão seguros.” O empresário diz que o retorno é mais emocional que financeiro. “As crianças gostam tanto que às vezes choram quando precisam ir embora. Isso mostra que a experiência deu certo.”

Experiência e reputação como retorno

No Dom Vergílio, em Palmas (TO), a empresária Juliane Maronezi tem percepção semelhante. Ela decidiu criar um espaço kids para tornar o restaurante mais acolhedor. O ambiente não é cobrado à parte e conta com o apoio de uma escola parceira, que fornece materiais de desenho e papelaria. “O nosso objetivo sempre foi oferecer conforto e tranquilidade para as famílias, sem pressa para sair”, explica.

Juliane reconhece que o investimento não traz lucro direto, mas acredita que ele se paga de outras formas. “Mantemos uma cuidadora no espaço e não cobramos nada adicional. Mesmo assim, o Dom Vergílio se destaca pelo ambiente. As pessoas voltam, recomendam e se sentem bem aqui.”

A fala dela reforça o que o estudo da Abrasel indica: mesmo sem retorno financeiro imediato, o espaço kids melhora a imagem do restaurante e cria vínculos afetivos com os clientes. Ele ajuda a transformar uma simples refeição em um momento de convivência, algo especialmente valorizado por pais jovens e famílias que buscam lazer junto à gastronomia.

Um novo comportamento de consumo

O aumento dos estabelecimentos com espaço kids reflete uma mudança no comportamento do consumidor. Comer fora passou a significar mais do que se alimentar. As pessoas buscam bem-estar e experiências que integrem toda a família. O restaurante se torna, cada vez mais, uma extensão da casa — um espaço de encontro, descanso e convivência.

Tanto em Porto Alegre quanto em Palmas, histórias como as de Edésio e Juliane mostram que o espaço kids é uma ferramenta de hospitalidade. Ele simboliza o cuidado com o cliente e o desejo de oferecer uma experiência completa.

Nos últimos anos, essa tendência tem se espalhado pelo país, especialmente entre restaurantes que valorizam o atendimento presencial e o ambiente familiar. Mesmo com custos adicionais, o investimento compensa. Afinal, quando o cliente se sente acolhido, ele não apenas consome, mas retorna — e traz boas lembranças junto.

 

Postar um comentário

0 Comentários