O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está prestes a encaminhar ao Congresso um projeto de lei que estabelece regras rígidas para o uso de redes sociais por menores de 16 anos, exigindo que suas contas sejam vinculadas às de um adulto responsável. A proposta, elaborada pelo Ministério da Justiça, foi discutida pelo presidente em reunião com oito ministros no Palácio do Planalto na última quarta-feira, dia 13.
Principais pontos da proposta
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Vinculação obrigatória a um adultor responsável
Contas de usuários com menos de 16 anos ou associadas a crianças deverão ser vinculadas às de pais ou responsáveis legais. -
Ferramentas robustas de controle parental
As plataformas precisarão permitir que os responsáveis:- Bloqueiem conteúdos ou funcionalidades;
- Supervisionem interações com outros usuários;
- Restringam o tempo de uso.
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Verificação da idade
As redes sociais serão obrigadas a conferir a idade dos usuários com maior rigor (o que atualmente é pouco efetivo). -
Proibição de publicidade direcionada
Não será permitido direcionar anúncios aos menores com base em dados de uso ou comportamento. -
Vedação de determinados anúncios
Anúncios envolvendo armas, bebidas alcoólicas, cigarro, pornografia e jogos de aposta serão proibidos nas contas de crianças e adolescentes.
Contexto e motivações
A iniciativa ganhou força após dois eventos recentes:
- Vídeo viral do influenciador Felca, que denunciou a “adultização” de crianças nas redes sociais.
- Impacto político das tarifas impostas pelos EUA, que reacendeu a discussão sobre soberania digital.
Além disso, o Ministério da Fazenda estuda outra proposta de regulação voltada à concorrência, com a criação de uma Superintendência de Mercados Digitais no Cade, para impor obrigações específicas a grandes plataformas digitais.
Supervisão e sanções previstas
Segundo análises como a do Olhar Digital, o projeto pode prever sanções severas — desde advertências e multas até o bloqueio temporário de plataformas por até 60 dias sem ordem judicial, em casos de descumprimento reiterado das regras. Após esse período, a suspensão dependeria de autorização judicial.
Também está na pauta a criação de uma nova agência reguladora — uma reformulação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) em uma futura Agência Nacional de Proteção de Dados e Serviços Digitais.
O que diz o governo
A justificativa enviada pelo Ministério da Justiça reforça que a medida visa proteger crianças e adolescentes online, respeitando tanto o poder familiar quanto a autonomia progressiva dos jovens, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Lula afirmou já estar finalizando o projeto e que ele será encaminhado ao Congresso após ajustes finais, em diálogo com projetos que já tramitam na Câmara.
O que muda na prática?
Aspecto | Situação atual | Proposta do governo |
---|---|---|
Acesso a redes por menores | Pouco regulado, com verificação de idade limitada | Contas vinculadas aos responsáveis e supervisão obrigatória |
Publicidade | Segmentada com base em dados de uso | Proibição de anúncios direcionados e com conteúdo sensível |
Sanções às redes sociais | Depende de ordem judicial e processos morosos | Bloqueios administrativos de até 60 dias, sem necessidade de decisão judicial |
Órgão regulador | ANPD já existente | Nova agência com poderes mais amplos |
A proposta chega ao Congresso em momento oportuno, com forte simbolismo após o impacto público do vídeo de Felca e a crescente preocupação com a exposição digital de crianças e adolescentes. Agora, o que se espera é o andamento das discussões em plenário e as possíveis reações das plataformas digitais e da sociedade.
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