Saúde mental no trabalho deve ser tratada com o mesmo rigor de outros riscos ocupacionais, com foco em diagnóstico organizacional, liderança capacitada e indicadores de bem-estar
Com a atualização da Norma Regulamentadora (NR-01), que exige a identificação e o controle dos riscos psicossociais nas organizações, a prevenção da saúde mental no trabalho deixou de ser opcional. A norma traz um alerta aos gestores para que acionem medidas reais, consistentes e contínuas, indo além do papel e da burocracia.
Para a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-CE), Kássia Sales, não basta reconhecer que o burnout existe, é necessário ir além. “As empresas precisam estruturar ações preventivas dentro da rotina organizacional. Isso inclui reavaliar cargas de trabalho, treinar lideranças, criar canais de escuta e envolver os colaboradores nas decisões que impactam sua saúde mental", disse.
Entre os fatores psicossociais citados estão a sobrecarga de tarefas, metas abusivas, ausência de reconhecimento, assédio moral, jornadas extensas e ambientes hostis. Segundo Kássia Sales, esses elementos estão diretamente associados a quadros de ansiedade, depressão, esgotamento e à síndrome de burnout. Em 2024, o Brasil registrou um crescimento de 68% nos afastamentos por transtornos mentais, totalizando 472 mil casos, segundo o INSS. A maior parte envolvia diagnósticos como ansiedade, depressão e estresse extremo.
Na prática
Diante desse cenário, a presidente da ABRH-CE orienta que as empresas iniciem um processo estruturado de prevenção, com ações prioritárias que incluam o mapeamento de fatores de risco psicossocial, com participação ativa dos trabalhadores e apoio técnico especializado; a capacitação de lideranças para identificar sinais de sofrimento emocional, evitando o agravamento de quadros clínicos e promovendo relações mais respeitosas e empáticas no ambiente de trabalho.
Além disso, a especialista propõe a criação de políticas claras de pausas e desconexão, combatendo a cultura do excesso e da produtividade a qualquer custo. Em conjunto, a oferta de canais seguros e anônimos para escuta dos colaboradores, com encaminhamento para suporte psicológico ou encaminhamento médico, quando necessário. Por fim, a mensuração e o acompanhamento de indicadores de saúde mental, como taxas de afastamento, turnover, queixas formais e clima organizacional.
“Essas ações precisam ser incorporadas à cultura organizacional. Não se trata de montar uma palestra no Setembro Amarelo e acreditar que o problema se resolverá com uma campanha anual. É essencial uma construção contínua e estratégica”, alerta Kássia Sales.
Ainda de acordo com a presidente, a prevenção dos riscos psicossociais não é apenas uma exigência legal, mas uma resposta necessária a um colapso silencioso que tem afetado a produtividade e a saúde dos colaboradores. Além disso, ressalta que “cuidar das pessoas deixou de ser um diferencial e passou a ser a base de qualquer modelo de negócio viável”.
“Como representante da ABRH-CE, ressalto nossa disposição em direcionar empresas que desejam aprofundar o conhecimento sobre gestão de riscos psicossociais e promover uma cultura organizacional mais saudável. Nós contamos com parceiros especializados na área da saúde e temos buscado implementar iniciativas para conectar organizações a soluções práticas e qualificadas conforme suas necessidades”, conclui a presidente.
Sobre a ABRH-CE
A ABRH-CE é uma entidade sem fins lucrativos dedicada ao desenvolvimento e valorização de pessoas e organizações. Com eventos de grande relevância, como o Fórum Saúde+RH, o Prêmio Ser Humano e o CearáRH, a associação se consolida como um ponto de referência para inovação, aprendizado e networking no mercado cearense.
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