Na noite do último sábado (15), o Brasil perdeu um dos seus maiores ícones da música popular: Bira Presidente, fundador do tradicional Cacique de Ramos e integrante histórico do grupo Fundo de Quintal, faleceu aos 88 anos no Rio de Janeiro. A causa foi um câncer de próstata agravado pelo Alzheimer.
Mais do que um músico, Bira foi um símbolo. Um homem que transformou a batida do pandeiro em arte, deu alma ao samba e formou gerações de talentos que hoje brilham nos quatro cantos do país.
Um Cacique da Cultura Popular
O nome Ubirajara Félix do Nascimento talvez soe estranho para alguns. Mas basta dizer “Bira Presidente” que os corações sambistas reconhecem de longe.
Foi ele quem fundou, em 1961, o lendário bloco Cacique de Ramos, nascido na Zona Norte do Rio, e que ao longo das décadas se tornou uma das maiores referências do samba de raiz. Por lá passaram e foram revelados artistas como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Almir Guineto, Beth Carvalho, entre outros.
Bira era o mestre que comandava com respeito, ternura e muito ritmo. Seu pandeiro tinha voz própria — e quando falava, era samba puro.
O pai do pandeiro moderno
Membro original do grupo Fundo de Quintal, Bira ajudou a revolucionar o samba com a introdução de instrumentos como tantan, repique de mão e o pandeiro sincopado — marca registrada de sua genialidade.
Sua forma de tocar influenciou gerações e se tornou uma escola para os que vieram depois. Nas rodas de samba e nos palcos, Bira era presença firme, alegre e cheia de swing. Um verdadeiro patrimônio vivo do samba brasileiro.
Homenagens e Luto Oficial
A repercussão da sua partida foi imediata. Nas redes sociais, artistas como Thiaguinho, Belo, Marcelo D2 e representantes da cultura popular lamentaram a perda e celebraram seu legado.
A Prefeitura do Rio de Janeiro decretou luto oficial de três dias, e o Ministério da Cultura destacou a importância de Bira para a construção de uma identidade musical que "saiu dos subúrbios cariocas para o mundo".
A também sambista e deputada Leci Brandão afirmou:
“Ele era símbolo de elegância no gingado, um verdadeiro senhor do samba.”
A última batucada
O velório de Bira aconteceu nesta segunda-feira (16), no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. Familiares, amigos, sambistas e admiradores se despediram ao som dos tantans, dos repiques e, claro, do pandeiro.
Presentes estavam suas filhas Karla Marcelly e Christian Kelly, além de netos e bisneta. O clima foi de emoção, mas também de gratidão — pela vida dedicada à cultura e à música brasileira.
Um legado que segue batucando
Bira Presidente pode ter partido fisicamente, mas seu som, seu ritmo e seu amor pelo samba continuam vivos. Em cada roda, em cada bloco, em cada escola de samba, em cada esquina onde se ouve um tantan, lá estará ele.
Com seu chapéu, seu pandeiro e seu sorriso aberto, Bira segue sendo presidente eterno do nosso coração sambista.
"Enquanto houver tambor, haverá Bira. Enquanto houver samba, haverá Cacique. Obrigado por tudo, mestre."
A rádio Nacional do Rio também prestou homenagem ao Bira tocando músicas do Fundo de Quintal e reproduzindo uma matéria especial sobre a biografia do compositor.
Se você ama o samba, deixe nos comentários sua lembrança ou música favorita do Fundo de Quintal. Vamos manter essa roda girando!
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