Meus pais, meu irmão (à esquerda) e eu, no Hotel TAMANACO INTERCONTINENTAL, em Caracas, na Venezuela, onde "moramos" por 2 ou 3 meses devido a um projeto liderado pelo Sr. Bavaresco, que trabalhava na RMB - Refinações de Milho Brasil.
De acordo com uma breve pesquisa que realizei, à época, o Produto Interno Bruto (PIB) da Venezuela estava sob pressão devido à queda dos preços internacionais do petróleo. Mesmo assim, a renda per capita da Venezuela era uma das mais altas da América Latina, refletindo a riqueza gerada pelas exportações de petróleo nas décadas anteriores. No início dos anos 1980, a Venezuela estava entre as 30 maiores economias do mundo. Globalmente, 1982 foi um ano de recessão para muitas economias, especialmente em países em desenvolvimento e naqueles dependentes do petróleo.
Obviamente, este contexto não era algo que um garoto de 8 anos – idade que completei durante nossa estadia – tinha em mente. Para mim, foi inesquecível!
O país era rico e incomparável ao Brasil. Os carros, as lojas, os produtos, os supermercados, os parques, os restaurantes e tudo o mais era muito diferente do que havia aqui no nosso país.
Quarenta e poucos anos depois, a Venezuela possui uma das rendas per capita mais baixas do mundo. A pobreza está quase perfeitamente distribuída, e um regime totalitário e ditatorial está instalado há quase três décadas.
No ano 2000, lembro-me de conhecer um casal de venezuelanos no Hotel LA SERENA, em Punta del Este, no Uruguai, e ouvi-los predizer o que estava por vir em seu país. Naquele ano, Hugo Chávez estava em seu segundo ano de mandato, após ter sido eleito em 1998. Eles disseram: "Nossa família já está sofrendo a perseguição do governo eleito, assim como muitos outros empresários e todos os que são contrários ao governo e às ideias do chavismo. Por isso, estamos nos mudando para os EUA." Eles atuavam no setor de construção e imóveis.
A pergunta retórica é: como os venezuelanos deixaram isso acontecer?
Hoje, meu filho está prestes a completar 8 anos, e neste dia sombrio da nossa história, imediatamente fiz a correlação entre o que estamos vivendo e o que aconteceu nos últimos 40 anos por lá.
Resumindo, cá estamos nós. Assistindo há décadas à tomada do poder na nossa pré-democracia. Sim, nunca chegamos a ser uma democracia madura. Sob o manto da defesa da democracia, nos colocaram e estamos de joelhos. Nossas liberdades individuais e coletivas acabaram.
Não há mais estado de direito no Brasil, já que suas cinco principais características não estão em vigor:
Legalidade: As leis devem ser claras, publicadas, estáveis e aplicadas de forma consistente. Nenhuma ação governamental pode ser tomada sem uma base legal.
Igualdade perante a lei: Todas as pessoas, independentemente de sua posição social, são iguais perante a lei e têm direito à proteção jurídica.
Direitos fundamentais: O estado de direito protege os direitos humanos fundamentais, como a liberdade de expressão, o direito ao devido processo legal e outros direitos garantidos pela constituição ou por tratados internacionais.
Divisão de poderes: O estado de direito pressupõe a separação e o equilíbrio de poderes entre os diferentes ramos do governo (Executivo, Legislativo e Judiciário), evitando a concentração de poder em uma única entidade.
Independência judicial: O Judiciário deve ser independente e imparcial, garantindo que as leis sejam aplicadas de forma justa e que os direitos das pessoas sejam protegidos contra abusos de poder.
Com o banimento do X (antigo Twitter), nos juntamos à Venezuela não apenas neste aspecto, ou seja, de uma rede social ser derrubada por uma decisão judicial - já somos pares e párias em relação ao mundo civilizado há muito tempo. E quando os que hoje aplaudem acordarem, será tarde demais.
A pergunta retórica é: como os brasileiros estão deixando isso acontecer?
* Maximiliano Bavaresco é palestrante, empreendedor e fundador e CEO da Sonne, consultoria focada em desenvolver e implementar planejamento estratégico. Formado em administração pela FMU, possui certificações de prestígio em instituições renomadas, como Singularity University, Insper, Columbia Business School, MIT Sloan e Kellogg School of Management. Membro do CRA-SP, foi professor de educação executiva do Insper por 5 anos. O executivo é autor do livro “Acima de Tudo”.
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