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Cannabis medicinal mostra potencial efeito para tratamento de transtornos mentais/neurológicos e dor



Evidências científicas integram 194 estudos reunidos em mapa apresentado durante o maior evento de Medicina Endocanabinoide do mundo, que acontece em Campinas (SP)

Um número crescente de pesquisas aponta para o potencial terapêutico de canabinoides no tratamento dos mais variados tipos de doenças e as evidências constatadas em centenas deles – mais especificamente 194 estudos de revisão - estão reunidos no “Mapa das Evidências sobre a Efetividade da Cannabis Medicinal”, apresentado na manhã desta sexta-feira (24), no WeCann Summit, o maior congresso sobre Medicina Endocanabinoide do mundo, exclusivo para médicos e que acontece até amanhã (25), em Campinas (SP). Os estudos avaliaram o efeito de 18 tipos de intervenção à base de cannabis para 71 desfechos de saúde e foram publicados a partir de 2001, sendo o público-alvo mais comum os pacientes com transtornos mentais/neurológicos e aqueles que sofrem com dor crônica.


As intervenções foram agrupadas em quatro tipos: canabinoides sintéticos (100 associações), fitocanabinoide isolado (165 associações), formulações de THC e CBD (80 associações) e outras formulações à base de cannabis (144 associações). Entre os nove grupos que compõem os estudos, são 90 associações ao resultado positivo da cannabis medicinal para o tratamento de transtornos mentais e 87 associações relacionadas à dor.


“Para cada uma das associações, foi reportado o efeito da intervenção para o desfecho, sendo que para a maioria a eficácia foi positiva (165) ou potencialmente positiva (114)”, relata a neurocirurgiã Patricia Montagner, idealizadora do WeCann Summit e fundadora da WeCann Academy, única instituição da América Latina que realiza cursos voltados à Medicina Endocanabinoide, exclusivamente para profissionais de Medicina.


Ao analisar apenas as revisões com alto nível de qualidade (34), foi reportado efeito positivo para os desfechos de segurança do paciente; alívio de dor; dor neuropática; insônia; qualidade do sono; convulsões; epilepsia; transtornos de ansiedade e transtornos cognitivos.


“Os resultados trazidos pelo Mapa são contundentes e apontam a segurança e eficácia dos canabinoides na redução de sintomas e melhora do quadro de saúde para dor crônica, determinados transtornos neuropsiquiátricos e outros problemas de saúde que tanto prejudicam a qualidade de vida das pessoas. Então, esse documento têm o propósito de orientar a assistência de pacientes com cannabis medicinal, além de promover a implementação dessa terapêutica baseada em evidências nos diferentes serviços de saúde”, fala a especialista.


Patrícia pontua ainda que, além de detalhar evidências e referências técnicas sobre o uso da cannabis medicinal para variados tratamentos de saúde, as evidências elencadas no Mapa reforçam a necessidade de se avançar no desenvolvimento de pesquisas no Brasil, com a realização de estudos clínicos de diferentes condições e, também, de intensificar a capacitação de médicos e outros profissionais de saúde sobre o uso terapêutico da cannabis e derivados. “Somente desta forma será possível prescrever e tratar com mais confiança e conhecimento, além de contribuir para a regulação dos produtos à base de cannabis, para que sejam produzidos nacionalmente e distribuídos de forma segura e eficaz”, conclui.


O Mapa das Evidências foi realizado em parceria com o Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa (CABSIN) e o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), responsável pela democratização do acesso e uso de informação baseada em evidência científica da Organização Pan-Americana da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS). As equipes técnicas da WeCann, CABSIN e BIREME/OPAS/OMS uniram esforços para atualizar a literatura científica sobre o uso medicinal da cannabis e, assim, apoiar profissionais de saúde, tomadores de decisão e pesquisadores na construção de ações de saúde baseadas em evidências.


“É muito importante que a gente possa avançar na implementação de políticas públicas informadas por evidências. A partir desse mapa, poderemos encaminhar esses resultados para as agências reguladoras, como a anvisa, por exemplo, e poder informar, a partir desse lançamento, que condições clínicas que a gente tem um alto nível de evidências”, disse o fundador e presidente do CABSIN, Ricardo Ghelman.


“Certamente vai ajudar na construção do processo regulatório relacionado ao uso de cannabis”, ressaltou o gerente substituto de produtos controlados da Anvisa, Thiago Brasil Silverio.


Até amanhã (25), mais de 1.500 médicos de mais de 59 especialidades e áreas de atuação estarão imersos na programação do WeCann Summit, composta por mais de 30 palestras com a presença das maiores referências nacionais e internacionais no assunto.


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