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SUS tem 55 amputações diárias causadas por diabetes


Até março, foram 5 mil casos; 26 de junho é o Dia Nacional do Diabetes, doença que que tem o envolvimento do pé como uma das principais complicações; ABTPé explica

 
Em junho, o dia 26 é marcado como o Dia Nacional do Diabetes, doença que, segundo dados do último Atlas da IDF (Federação Internacional de Diabetes), em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge 16 milhões de pessoas, entre 20 e 79 anos, e cerca de 50% desse contingente não sabe que tem a doença. Quando existe acometimento dos pés, o problema é uma das principais causas de amputações. De acordo com o Ministério da Saúde, somente nos três primeiros meses de 2023, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 5 mil amputações em decorrência do diabetes, média de 55 casos por dia. Em todo o ano de 2022, foram 19,4 mil, número 4,3% maior do que em 2021 (mais de 18,6 mil). Os diabéticos são mais vulneráveis à amputação dos membros inferiores, pois com o desenvolvimento da doença, os pés vão perdendo a sensibilidade, aumentando os riscos de feridas e infecções, o que é considerado um problema grave, já que pode levar a uma amputação.

“O pé diabético é uma das complicações mais comuns de quem tem o diabetes e é a principal causa de amputações no Brasil, depois dos acidentes. Isso porque a doença afeta a circulação e a inervação, ocorrendo uma perda da sensibilidade protetora da região do tornozelo e pé”, explica o presidente da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé), Dr. Luiz Carlos Ribeiro Lara.

Uma das lesões que o diabetes causa é a neuropatia diabética, em que há perda da função dos nervos do pé, principalmente da sensibilidade dolorosa e tátil, dificultando a percepção do paciente em notar lesões ou contusões. “Sem a sensibilidade, as possíveis lesões podem evoluir rapidamente e formar bolhas e feridas abertas (úlceras), possibilitando assim a entrada de microorganismos e causar uma infecção no pé”, fala o especialista. Outro problema que pode ocorrer no paciente diabético são as feridas abertas ocasionadas por aumento da pressão local ou por ferimento (corte) na pele. Normalmente, mas não obrigatoriamente, estão relacionadas com a perda da sensibilidade dolorosa do pé. “Em casos graves, é necessária a cirurgia para limpeza e desbridamento das lesões mais profundas ou até mesmo a amputação de dedos ou parte do pé para sanar a infecção”, salienta o presidente da ABTPé.

O cirurgião lembra que o paciente com diabetes também perde a sensibilidade para fraturas, deslocamentos ou microtraumas ocorridos nos ossos do pé e tornozelo, o que exige um tratamento diferenciado. “Dependendo da gravidade, o tratamento pode ser imobilização por gesso, órtese ou até mesmo cirurgia reconstrutiva”, diz. Nas situações de infecção grave, a pessoa pode apresentar mal estar geral, febre, mas, outras vezes, a infecção pode manifestar-se apenas com o aumento das taxas de açúcar no sangue “Normalmente, nota-se abcesso, secreção purulenta, mau cheiro, área inchada e avermelhada, às vezes com áreas de necrose de tecidos. Chegar a esse ponto é muito preocupante, pois pode ser necessária a amputação para resolução do problema”, ressalta.

Recomendações

O paciente com diabetes deve ater-se a alguns cuidados com os pés para evitar as complicações da doença. Uma delas é evitar andar descalço, especialmente fora de casa. “O uso de calçados especiais para diabéticos, fechados, sem costura interna, com a parte da frente larga e alta, e com palmilhas confortáveis, é recomendado sempre que possível”, destaca. “O uso das meias também é importante. Elas devem ser, de preferência, brancas, para facilitar a identificação mais rápida de algum machucado ou ferida no pé, e de algodão, que irritam menos a pele, com costura pouco volumosa e sem elástico, para não comprometer a circulação”, orienta.

O médico frisa, ainda, que os pés devem ser examinados pelo menos uma vez ao dia, para a procura de calos e úlceras, além de verificar se há a presença de micoses e rachaduras. “Mantê-los hidratados para evitar rachaduras cutâneas e infecções secundárias é outra ação e, identificando algo fora do normal, um especialista deve ser consultado Nunca tente retirar calos, limpar úlceras ou cortar as unhas sozinho”, conclui.

Sobre a ABTPé

A Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé) foi fundada em 1975 com a missão de unir a classe médica na especialidade, além de estimular o intercâmbio de informações científicas, fomentando a educação continuada entre os especialistas de pé e tornozelo no Brasil. Também tem a responsabilidade de esclarecer a população sobre os temas relacionados à especialidade.

A ABTPé está à disposição para informações e entrevistas sobre a saúde e cuidados com os tornozelos e pés, trazendo esclarecimentos sobre diversos temas, como acidentes nos esportes com lesões, acidentes domésticos com lesões, deformidades, pé diabético, cuidados com o uso de saltos altos, joanetes, fascite plantar, esporão do calcâneo, calos e calosidades, metatarsalgia, neuroma de Morton, gota, artrite, entorse, fraturas, entre outros.

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