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Inspirada em Elon Musk, empresária do Paraná derruba Itaú e conquista empresa para chamar de sua


Marcia Bedum, mesmo com o cenário desfavorável às mulheres no setor de tecnologia da informação (TI), vem destacando sua startup KYNAE no mundo dos negócios escaláveis. A empresa, inclusive, foi classificada para os dois maiores reality shows de empreendedorismo do Brasil: a Batalha das Startups, da Record News, em 2021, e o Rocket 2022, transmitido pela RPC Paraná da TV Globo, cenários para a apresentação do seu negócio para todo o Brasil. Em processo de pré-lançamento, a startup vem se mostrando relevante para o segmento de varejo dos comércios locais, com uma quantidade expressiva de cadastros de lojistas interessados.

Natural de Terra Roxa/PR, a ex-bancária e empresária do ramo pet pelos últimos 12 anos, em Curitiba, enfrentou logo no batismo do seu novo empreendimento de TI uma árdua batalha. Duelou com o banco Itaú, uma das maiores e mais valiosas instituições financeiras da América Latina, que contestou o nome proposto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para a startup. Ao solicitar o registro da marca “KINAE”, sofreu oposição.

“O fato me deixou meio desorientada por vários dias. Tentei pensar em outro nome, até contratei uma empresa especializada para construir uma nova marca, mas eu não gostei de nada. Procurei três advogados e nenhum aceitou, por considerar a causa perdida, por ser tratar do Itaú. E nesse momento me deparei com a biografia do famoso empreendedor Elon Musk, que me motivou de uma tal forma, que comecei a estudar a legislação. Descobrindo que foi infundado o pedido do banco, fiz a manifestação e, em setembro de 2021, venci o pedido, conquistando o direito de usar o nome ‘KINAE’”, conta. O fato atrasou em um ano o lançamento da startup no mercado e consumiu quase todas as reservas financeiras para manter a equipe e demais despesas do projeto. Foi só o primeiro desafio. No fim das contas, a startup de Marcia foi batizada como KYNAE, com “y”, por uma preferência particular da empresária.

A luta no INPI foi só a ponta do iceberg, embora o fato não esteja ligado ao empreendedorismo feminino. Mas, as pedras no caminho das mulheres na área de tecnologia são muitas e o percurso ainda é carente de evolução. Conforme dados de uma recente pesquisa promovida pela Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação do Paraná (Assespro-PR), Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, apenas 17% das empresas de tecnologia dispõem de algum programa de promoção da diversidade – o que facilitaria o ingresso de mulheres nesse mercado de trabalho. “O tema diversidade está na pauta dos CEOs brasileiros. Há um movimento crescente para que se discuta a inclusão e a diminuição do preconceito. No entanto, mais de 80% das empresas não possuem qualquer programa de diversidade, embora a pesquisa mostre que 77% delas querem mais mulheres em seus quadros. Não iremos virar a chave sem ações concretas, posições claras e metas mensuráveis”, confirma a presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, Cris Alessi. Nos casos de mulheres empreendedoras no setor de TI, o cenário fica bem pior: somente 0,04% dos investimentos realizados no Brasil em 2021 foram em startups fundadas ou lideradas por elas.

“Senti na pele o que é o chamado preconceito contra as mulheres. Um mentor do programa Batalha das Startups me chamou de louca por tabela, quando comparou a KYNAE a um projeto Kamikaze, devido aos concorrentes de mercado. Argumentei usando como exemplo meu mentor platônico, Elon Musk, disse que ele nem tinha nascido quando o homem tinha pisado na Lua e que anos depois ele deixou a Nasa para trás e revolucionou a exploração espacial, dizendo que meu projeto também poderia dar certo. Fui chamada de sonhadora e romântica! Este é apenas um exemplo das tiradas com mulheres e, no meu caso, foi em rede nacional. Mas, fiz desse limão uma limonada e consegui chegar na segunda colocação da categoria Varejo no reality”, compartilha.

A vida de Elon Musk não foi uma linha reta e, talvez por isso, seja tão inspiradora à Marcia. Muitas de suas ideias já foram consideradas péssimas e renderam demissões de empresas que ele mesmo fundou. O empreendedor já beirou a falência, foi chamado de lunático, perdeu milhões nos testes explosivos com seus foguetes com marcha ré e, mesmo assim, não desistiu dos seus propósitos. Atualmente é considerado o homem mais rico e o empreendedor que mais teve resultados no mundo.

“Já mandei vários convites para ele ser meu sócio, mas ele não me deu bola [risos]. Disse que tinha que levar um milhão de pessoas para Marte primeiro”, brinca Marcia, que ainda não tem sócios na KYNAE, e diz ter muita cautela neste quesito, por considerar o passo mais importante para o sucesso de qualquer empresa. Porém, ela está à procura de pessoas com perfil empreendedor, inovador e que tenham valores parecidos com os seus.

Para a ex-bancária, meta e obstinação são palavras tatuadas no subconsciente. “Ainda não alcancei o êxito financeiro com a KYNAE, e não tenho nenhuma vergonha em dizer isso. Ter sido classificada para o Rocket 2022 da TV Globo foi uma grande vitória e um estímulo muito grande que mostra que o meu negócio está no caminho certo, que devo continuar e que não devo dar ouvidos às pessoas com pensamento pequeno que não conseguem visualizar em suas mentes o tamanho do nosso continental Brasil. Estamos bem no início da transformação digital do e-commerce, que em 2021 foi de apenas 11,5% do varejo total brasileiro”, desabafa.

O mantra é clássico e repetido por Marcia às mulheres que pensam em desistir: levantem a cabeça e sigam em frente! “O primeiro passo é pensar grande, mas, claro, sempre com os pés no chão. Depois, defina seu propósito: ele vai te manter firme. Tenha um mentor, nem que seja platônico! Importante: conheça muito bem o seu negócio e não entre na porta errada só porque ela está aberta”, ensina a discípula de Musk, que garante que colocou em prática em seu negócio várias ações descritas na biografia do seu “mentor” e que elas já deram certo. E, por último: “Acredite que você é capaz, ninguém fará isso por você!”

A KYNAE

A empresa é filiada da Assespro-PR e mesmo antes do lançamento já é elogiada pelo presidente, Lucas Ribeiro. “A Marcia é uma pessoa alegre, motivadora e que nos inspira, defendendo o papel da mulher na área de TI. A KYNAE foi uma das 32 startups classificadas de todo o Brasil na proposta da RPC e isso é realmente fantástico. Na Assespro, estamos dispostos a ampliar a alavancagem da empresa, bem como a ajudar na conexão com grandes nomes e marcas do mercado”, afirma. Ribeiro lembra, ainda, que a Associação incentiva a presença das mulheres no setor de TI. Entre outras ações de fomento, a entidade criou, em 2021, por exemplo, o Conselho Consultivo de Mulheres em Tecnologia. “O grupo reúne integrantes não só da Assespro-PR, como de outros segmentos do ecossistema de inovação. O propósito é fomentar e auxiliar o desenvolvimento e a aplicação de medidas efetivas na mudança do cenário”.

A KYNAE é uma plataforma de vendas no modelo de shopping virtual focada no comércio local, que tem a missão de digitalizar todos os pequenos e médios comércios, aproximando vendedores de compradores através da geolocalização precisa, em que o consumidor escolhe a distância em relação à sua residência do que quer comprar, funcionalidade que visa reduzir o prazo e o valor do frete, sendo possível a quase todos os nichos vender na plataforma. “Movimentando a economia de todas as cidades e com o propósito muito forte de ajudar entidades filantrópicas voltadas a crianças e adolescentes”, explica Marcia. Sobre a ação, neste primeiro momento, ela é voltada ao Hospital Oncopediátrico Erastinho, em Curitiba.

SERVIÇO

Para conhecer mais a KYNAE: https://kynae.com.br/

Sobre as ações da Assespro-PR: https://assespropr.org.br/

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