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Política Limoeirense; a força da hegemonia oligárquica de direita



A cidade de Limoeiro-PE historicamente apresentou vários quadros políticos de grande expressão local, regional e nacional – Maurilio Ferreira Lima, Coronel Chico Heráclio, já falecidos, Ricardo Teobaldo, Luiz Heráclio, José Humberto, foram ou são eleitos pelo voto e que, em regra, representam uma política conservadora muito marcada pelo “apadrinhamento”, não raras vezes clientelista, geralmente personagens de clãs familiares em vários postos (vereadores, deputados, prefeitos) e avessa à participação direta das bases em reflexões e decisões. Uma política de condução pessoal geralmente, onde rumos de gestão, mandato, são tomados por decisões unilaterais de seus líderes e mandatários, prática radicalmente diferente da proposta pela esquerda, com interação das bases, consulta de propostas à construção de planos políticos, decisão de candidatos a concorrer cargos por votos de filiados… As formas de “condução da política” pelos diversos grupos que disputam os pleitos eleitorais dizem muito de suas características de atuação…

Ora, a direita tem sua gênesis ainda no período escravocrata, em épocas de intenso patriarcalismo rural, nascida nos sobrados das casas grandes dos engenhos, passando pela aristocracia fundiária e os atuais capitalistas industriais, agrários e rentistas. A lógica individualista é o imperativo da política da direita, a hierarquia verticalizada é muito intensa, o número de pessoas que decidem os rumos de todo um conjunto partidário/apoiadores é reduzido – e tal qual às lógicas senhoriais colonialistas, “um (ou pouquíssimos) manda(m) e o resto obedece”. Não há a formação do senso crítico das bases… Outra característica é o culto vaidoso de muitos de seus representantes, independente de destreza, ética e compromisso público – enaltação desmedida, o que gera uma grande legião de bajuladores mais que de apoiadores.

Todos esses aspectos são perfeitamente perceptíveis na cidade de Limoeiro-PE; são perceptos também por todo o Brasil…

O que chama a atenção em Limoeiro-PE é que a cidade, sua população, não conseguiu ao longo de mais de 40(quarenta) anos de esforços ditos de esquerda após a redemocratização, construir referências pertinentes desta na cidade… referências pessoais, de práticas partidárias, de conceitos políticos difundidos na população… Que, às esquerdas vai estar por exemplo, a força de um partido político não no capital financeiro do político candidato (e/ou de sua família), como “fiador comprobatório de capacidade”, mas na sua organização com as bases, em escuta, em comprometimento, em construção solidária de pertinentes vivências sociais… Vai estar para a Esquerda, um conjunto crítico político, que se expande entre a população, pessoa a pessoa geralmente, conscientizando de um “novo modo político”, onde trabalhador, popular, tem representante de sua própria classe social, de sua própria identidade cultural, havendo grandes chances de sair daí um/uma grande político/a, sem mesmo haver neste/nesta aquela linhagem familiar de “políticos famosos” que ecoam no tempo até mesmo antes da Nova República – fidalguia. Política que escuta as bases de um partido, que ouve os eleitores e com estes constroem a proposta ao poder.

No entanto, mesmo que tenha havido dois mandatos de vereadores do PT em Limoeiro , mesmo que por quase 30(trinta) anos houve diretório do PT, menos tempo de partidos de esquerda: PCdoB, PDT, PSB, a hegemonia de direita conquistou a política local de ponta a ponta.

Que não se percebe partido de esquerda atuante na cidade, nem construção a tal… justo o inverso, em muitas ocasiões os grupos que se propunham a traçarem uma política de esquerda, sucumbiram ao projeto de direita local e se aliaram a este. A tal ponto que até símbolos típicos da esquerda estão sendo usados pela direita local como se fossem seus de legítimo – assim foi por exemplo, um dos apelos de propaganda eleitoral do atual prefeito Orlando Jorge(PODEMOS), do Deputado Federal Ricardo Teobaldo(PODEMOS) e outros políticos, a estamparem como cor de campanha a cor vermelha. Associação esta da época que o PT local aliou-se ao PSDB para gestão municipal (200?) e venceram as eleições. Não há, parece, constrangimento da direita limoeirense em estampar o vermelho das esquerdas em suas campanhas, ou mesmo prefere não assumir tal, visto é apelo simbólico de forte impacto salutar na memória popular os 16 anos de Lula e Dilma no governo federal (a predileção da população limoeirense pelas políticas públicas de esquerda evidenciaram-se na última eleição presidencial com a votação para Haddad três vezes maior que a de Bolsonaro na cidade).

A falta que faz a construção politica do “pensamento democrático de esquerda” na cidade de Limoeiro é enorme! Deixa lacuna a um contraponto de prática política que mesmo dialogue com a direita – diáologo bem antes de rivalidade, disputa, confronto. Que apresente à população formas viáveis, legais e pertinentes de fazer politica que não os costumes estabelecidos, provavelmente desde os primórdios republicanos na cidade. Veja-se a formação da câmara legislativa, nenhum/nenhuma dos 15(quinze) vereadores posicionam-se de esquerda, não apenas em rótulo expressivo, mas em comprometimento de pauta, de esforços seja nas questões locais ou nacionais.

A Democracia requer amplitude ideológica… Algo que a cidade de Limeoeiro-PE não conseguiu estabelecer ainda desde a primeira gestão municipal há mais de 100(cem) anos! Esforços porém, para a construção de vertente democrática de esquerda não faltaram… Por certo, pela razão de não haver paralelo anterior em cidade conservadora, a empreitada é dificílima! “Como apresentar numa cidade/população conservadora algo que nunca existiu no lugar, especialmente numa de suas principais referências institucionais- a prefeitura e câmara legislativa?”

Em que pese o poder hegemónico firmado através de três séculos ao menos na cidade, legando a tarefa hércula à implementação de modo distinto de se fazer política, de se fazer gestão pública, as determinações individuais e coletivas (pequenos grupos) tem falhado à tarefa, ao nosso ver, por não estabelecerem inicialmente per si aguda critica política-econômica-cultural, despresando resíduos de modos antiquados políticos, às vezes nutrindo resquícios de preconceitos vários às camadas populares, o que faz destes grupos e pessoas “de esquerda” ostentarem pseudo-sapiência frente ao que firmam serem incultos e acriticos – o povo; objetivação de ascensão econômica vertical bem mais que coletiva e horizontal.

Ao que percebemos, à consrução do PROJETO DE ESQUERDA DEMOCRÁTICA LIMOEIRENSE, faça-se aguda crítica à adesão de membros deste bloco político… A não dar espaço, ou minimizar ao máximo, a ascenção de personas imbuidas de projetos pessoais unicamente, revestidos de retórica progressista e buscando na verdade utilizar-se pessoalmente da força e assentamento do coeltivo de esquerda surgido.

E, mesmo que não haja representação de fato de grupo/pessoa que emcampe o dito projeto (que em outras centenas de cidades do Brasil já não é nada de novo), pulsa em inúmeros cidadãos e cidadãs de Limoeiro-PE a consciência de política possível de ser exercida por de fato trabalhador/a, popular, gente de comum identidade social e cultural, com consciência e preparo do papel à exercer; pulsa até que haja o momento de reconhecimento por diversas instâncias locais, regionais e nacionais deste sentimento/vivência; esse tempo vindouro, apresentará uma contundente referência de pensamento político e personagens políticos ao que está posto hegemonicamente e praticamente unanimamente em Limoeiro-PE. Será um pequeno salto à modernidade, à contemporaneidade: a viabilização de diálogo político, de convivência de múltiplas visões de como ser e estar politicamente num município… Até lá, a direita oligárquica, com resquícios colonialistas, segue sendo a única forma “abalizada” de exercer poder eletivo em Limoeiro-PE.

Por Walter Eudes – Comunicador

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