Paiva Netto |
Em 28 de março, sábado, das 20h30 às 21h30, teremos mais uma edição do movimento “A Hora do Planeta”. Trata-se de um ato simbólico, promovido em todo o mundo pela Rede WWF. A iniciativa mobiliza governos, empresas e povo em geral a expressar sua preocupação com o meio ambiente, apagando suas luzes durante sessenta minutos. É inspirador o slogan da campanha deste ano: #UseSeuPoder. Ele incentiva a capacidade que possuímos de ser agentes na preservação dos recursos naturais da Terra, a partir da própria criatura humana. Afinal, a sobrevivência no orbe depende da harmonia da Natureza em todos os seus reinos. Uma boa estratégia para proteger o planeta e oferecer segurança aos seus habitantes passa por decisivos atos de prevenção. E para eficientemente pô-la em prática é necessário também buscar experiências e informações catalogadas pela História, que, no dizer de Cícero (106-43 a.C.), “é a mestra da vida”. Essa providência urge ser cada vez mais empreendida pelos países na solução da crescente crise hídrica, a exemplo da que vem ocorrendo no Brasil.
Em 22 de março, celebramos o Dia Mundial da Água. Se quisermos sobreviver e deixar como herança um garantido abastecimento de água às novas gerações, esse assunto deve ser pauta diária, acompanhada de atitudes pontuais. Atentar para os estudos da Meteorologia, em avanço constante, e agir preventivamente é caminho acertado. Falando ao programa “Biosfera”, da Boa Vontade TV, o professor Antonio Carlos Zuffo, do Departamento de Recursos Hídricos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), citou um dos motivos da recente escassez de chuva em São Paulo: “Acredito que isso é o resultado cíclico natural da atividade solar, que a gente chama em Hidrologia de ‘Efeito José’. Ele prevê, ao longo do tempo, um período de baixas precipitações sucedido por longo período de altas precipitações, e assim sucessivamente. Então, observamos na década de 1930 até os anos 1960 precipitações abaixo de uma determinada média, a média era inferior; houve esse aumento a partir da década de 1970 e, agora, acredito que vamos passar por mais ou menos de 30 a 40 anos de precipitações mais baixas do que aquelas que verificamos nesses últimos 40 anos”.
A palavra do professor Antonio Zuffo nos mostra a importância dos registros climáticos do passado. O “Efeito José” é um conceito de Hidrologia de 1968, nascido de um trabalho dos pesquisadores Benoit Mandelbrot (1924-2010) e James R. Wallis. Eles estudaram os dados fluviométricos históricos de alguns dos grandes rios do mundo, em particular do Nilo, no Egito. O nome faz referência à passagem do Velho Testamento, em que José anuncia sete anos de fartura seguidos de sete anos de fome, depois de analisar o enigmático sonho do faraó, no qual sete vacas magras devoram sete vacas gordas e sete espigas mirradas consomem sete espigas graúdas (Gênesis, capítulo 41). Contudo, o famoso personagem bíblico não só previu os tempos difíceis, mas percebeu como impedir a carestia total. E, assim, sob a aprovação do faraó, utilizou a estratégia da prevenção, salvando o povo egípcio.
Em qualquer área, administrar é chegar antes.
PARA O FIM DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL: Comemoramos o Dia Internacional contra a Discriminação Racial em 21/3. Aproveito para destacar aqui o livro “Racismo: cotas e ações afirmativas”, do jornalista e cartunista Maurício Pestana, elaborado a partir de entrevistas da seção “Páginas Pretas”, da revista “Raça Brasil”. Ao prezado autor, meu agradecimento pela fraterna dedicatória: “Para o Paiva Netto, o qual muito admiramos pelo brilhante trabalho e contribuição que tem dado ao longo dos anos para os que realmente precisam”.
José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.
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