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Pau de sebo [cultura nordestina]

Chama-se ao ato lúdico e desportístico praticado coletivamente em que consiste em grupo de praticantes formarem uma “torre humana” para alcançar o topo de um mastro que contém ícone representativo – geralmente uma flâmula- que sagra a vitória do grupo. Sendo alcançado o objetivo há uma premiação em valores monetário aos participantes. Praticado geralmente por pessoas do sexo masculino, pode ser disputa, quando há mais de uma equipe. Nem sempre consegue os participantes alcançarem o topo do mastro, geralmente quando está a flâmula a altura impossível ou remotamente alcançada. A atividade tem início programado e encerra-se ao atingir-se ao ícone ou a desistência do grupo, sempre por exaustão física. É preparado o mastro com uma lambuzada de matéria animal escorregadia que torna praticamente impossível a escalada livre de uma pessoa, o que necessita que haja sempre a formação de níveis de corpos a serem base aos superiores (veja foto). Em festas “generosas”, mesmo que não haja o alcance da flâmula (ou ícone) a premiação monetária prevista é dada ao grupo que sempre realiza partilha do valor recebido. Parece ser prática de forte influência ancestral indígena brasileira, assemelhando-se a antigas práticas seculares ou milenares lúdicas/desportísticas vivenciadas por todo o mundo, em devidas características culturais locais. É vista com certa hegemonia de ocorrência no Brasil na região Nordeste e praticada no período da colheita do milho (meses de junho e julho). O público que acompanha o Pau de Sebo geralmente deleita-se com a caricata situação de uma verdadeira “torre de homens” escorregando pelo mastro e amontoando-se uns em cima dos outros- no solo – apronta-se previamente espessa camada de lama para amortecer os baques dos competidores. Escoriações, sangramentos e fraturas são comuns nesta prática. Assim como qualquer atividade lúdica de alto risco a integridade física, embora raras, há narrativas de óbitos na vivência do Pau de Sebo. Não há reconhecimento de instituições históricas ou sociais a esta prática que tornou-se mais escassa nas recentes décadas.

Talvez o salutar amadurecimento da sociedade brasileira em diversos campos exige que se revise esta prática que, segundo nos consta, nem é proibida nem regulamentada pelos poderes públicos. Também não houve proposta de criação de formato mais seguro por parte de competências científicas, tal qual estão as práticas de alpinismo por exemplo, trapézio circense, voo de asa delta ou mesmo de qualquer esporte ou espetáculo de uso de força física ou de risco à integridade física como o boxe, karatê, automobilismo, acrobacias aéreas em aeronaves, ou seja, regras apresentadas por devidas instâncias gabaritadas, a partir de profundos estudos comparados em que trace exigências necessárias à prática e condições mínimas de vivencia-las. Parece ser o Pau de Sebo, cultura tipicamente popular brasileira consistindo em espetáculo propriamente dito.

In: waltereudes.worpress.com

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