O texto de Ariano Suassuna nesta comédia regional, por si só, já seria garantia de boas risadas. Acrescente a A incoveniência de ter coragem um elenco afiado, que já vem na estrada faz algum tempo, tendo cruzado um oceano para chegar a Portugal e ido a festivais no Rio de Janeiro e no Amazonas, além de uma dose de musicalidade. O espetáculo do Galpão das Artes, misto de companhia de artes e espaço cultural, em Limoeiro, a 77 quilômetros do Recife, pode ser visto na capital pernambucana em breve temporada no Teatro Arraial. As duas últimas apresentações serão hoje e sábado, às 20h, com ingressos a R$ 10 (preço único). A direção é do arte-educador Fábio André.
A disputa pelo amor de Marieta (Kettuly Muniz) é acirrada entre o cabo Rosinha (Tarcísio Queiroz) e o fazendeiro Vicentão Borrote (Charlon Cabral). Mas quem rouba a cena mesmo é o ator Jadenilson Gomes, na pele do matreiro Benedito, de cara pintada de preto, como no cavalo-marinho, personagem que tenta roubar a atenção da mocinha, aumentando a peleja entre os dois outros pretendentes. Mal sabia ele, no entanto, que seu principal concorrente, na verdade, era Pedro (Lucas Rafael), um caminhoneiro e ex-paixão de Marieta.
Na abertura e também acompanhando a trilha sonora, o coquista Mano de Baé, de Tracunhaém, que também é artesão e coloca a plateia para segui-lo em coro nas canções, no compasso do pandeiro. O mesmo recurso de interagir com o público é muito bem utilizado por Benedito/Jadenilson, quando ele canta bregas para conquistar a Marieta.
A incoveniência também existe em versão para a rua. No Arraial, porém, ganha com o uso dos mamulengos no palco e com a intimidade com a plateia que o texto exige. Tarcísio Queiroz faz uma dança impagável balançando a barriga saliente, o que lhe rendeu o prêmio de melhor ator coadjuvante no 18º Janeiro de Grandes Espetáculos. Jadenilson, por sua vez, é experiente no palco, já participou de grupos no Recife e possui um ótimo trabalho corporal, que o permite cantar, dançar e conquistar o espectador com o jeito bem-humorado e a linguagem nordestina de seu Benedito. "O espetáculo agrega a história de alguns dos elementos pitorescos do cotidiano popular nordestino bastante explorados por Ariano Suassuna", defende Fábio André. Como sugestão, apenas, talvez alguma adequação no figurino, mudando as perucas dos personagens, feitas de espuma.
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