O relógio marcava quase meia-noite, Fábio passava pela rua escura, faltava luz em seu bairro, não havia casas por onde ele caminhava só a mata. Um cenário desses de filmes de terror. Mas ele andava calmamente, era cético e não acreditava em nada, por isso não temia nada.
“Tenho medo dos homens, eles podem nos fazer mal, nos roubar, nos tirar a vida.” – É o que ele sempre dizia. Há muito tinha perdido a fé no sobrenatural, até em Deus.
Chegou á sua casa exatamente meia-noite, quando entrou pelo portão uma garoa fina começou a cair, não demorou a luz voltou e ele pode tomar seu banho normalmente.
O rapaz estava sozinho em casa, os pais haviam viajado. Sentou-se então em frente ao computador que ficava na sala, ao lado de uma janela de vidro. Pela janela se via o quintal, a escuridão que estava lá fora, e toda hora sentia a impressão que tinha alguém do lado de fora.
De repente um barulho estranho o chamou a atenção, ele hesitou em sair pela porta, agora sim teve medo, mesmo cético temeu que algo fora do normal acontecesse, tremeu.
O frio na espinha, os calafrios o fizeram até esquecer seu ateísmo, fazendo um sinal da cruz.
“Cruz credo!” – disse para si mesmo
Um vento forte soprou lá fora, o céu estava fechado, as nuvens carregadas. Começou então a relampejar. Ele resolveu desligar o computador, de repente ouviu-se um estouro e a escuridão se fez presente, novamente havia acabado a energia.
- Que noite estranha. Deus me livre. – disse para si mesmo
Procurou por velas durante um tempo, logo encontrou duas, demorou um pouco para acender. Depois de acesas colocou ambas na sala, onde estava para clarear a sua volta.
Ele estava sentado no sofá em frente à janela, a chuva caia forte lá fora e á todo momento os relâmpagos clareavam o quintal, era medonho. “Credo, vou sair daqui!” – disse para si mesmo
Foi para quarto, deitou-se em sua cama. Estava sem sono, então logo vieram em sua cabeça centenas de histórias de terror que lhe haviam contado, todas sobre aquela casa, onde ele morava.
- O que esta acontecendo comigo? – disse – Nunca fui de ter medo dessas coisas...
Diziam as inúmeras lendas que aquela era amaldiçoada, pois ali em outrora fora o lugar que pessoas faziam suas oferendas ao Diabo, quase sempre matando o primogênito. Depois de construída a casa só uma família morou ali, um casal que tinha apenas um filho, o menino simplesmente desapareceu sem nenhuma explicação, logo eles se mudaram e ninguém mais ouviu falar do casal.
Mas ele era cético, assim fora criado pelos pais, sem crença nenhuma, só no que se pode ver e tocar. E aquele medo que sentia não era normal, não para ele.
Mudou então os focos dos pensamentos, para que aquele receio pudesse partir, porém alguém começou a bater na porta da sala. Num primeiro momento hesitou em sair do quarto, mas depois decidiu ver quem era, passou pela cozinha e pegou uma faca. Caminhou a passos lentos em direção a porta, á abriu bem devagar, o coração estava a mil. Respirou aliviado quando viu seu cachorro batendo na porta.
- Nick você quase me matou do coração. – disse deixando o cachorro entrar – É melhor eu ir dormir, estou imaginando coisas...
Nem havia se deitado, quando novamente ouviu algumas batidas na porta. Dessa vez não era o Nick, pois esse estava deitado ao pé de sua cama. Novamente caminhou a passos lentos, com uma faca na mão, e perguntou:
- Tem alguém ai?
As batidas não cessaram, ele novamente perguntou “Tem alguém ai?”
Uma voz feminina veio do outro lado da porta:
- Estou precisando de ajuda, meu carro quebrou e não tenho como prosseguir viagem. Esta é a única casa que encontrei pelas redondezas.
Ele hesitou num primeiro momento, mas abriu a porta. A moça estava toda molhada, estava num vestido branco, tinha cabelos negros e estava descalça. Era muito bonita, apesar de naquele momento parecer-lhe estranha, medonha.
- Obrigado por me acolher, não são todos que fazem isso. – disse ela sorrindo.
Fabio buscou-lhe uma xícara de café, enquanto bebia, contava-lhe o que tinha acontecido.
Só restava agora uma vela acesa, a chuva ainda era forte. O rapaz levou a moça para o quarto, mas Nick rosnou com raiva, latia muito, estava nervoso.
- Fica quieto Nick. – gritou Fábio
Ele arrumou a cama para a moça, colocou Nick para fora, o cachorro estava incontrolável.
- Desculpa , o Nick é nervoso mesmo. – disse sorrindo
- Tudo bem... – disse a moça
- Bom irei dormir no quarto ao lado, se precisar de algo dá um grito. – disse sorrindo
Então o rapaz saiu, arrumou a cama dos pais para dormir. Restava apenas um toquinho de vela, ele então se deitou.
Logo a porta do quarto se abriu e a moça entrou devagar, deitou-se ao lado dele e começou a acariciá-lo, ele não teve forças para reagir, aos poucos foi cedendo, ele a beijou.
Nick não parava de latir e bater na porta, estava muito agitado. “ Preciso dar um jeito naquele cachorro!” – disse para ela levantando-se, ficando de costas para a cama.
- Não precisa! – disse ela sorrindo
Quando ele se virou para olhá-la, ela estava colada em seu rosto. A aparência estava completamente diferente, desfigurada, o vestido branco rasgado, a pele gelada.
Ouviu-se só o grito de dor do rapaz, no outro dia encontraram seu corpo, em cima da cama toda ensangüentada. Ninguém nunca soube explicar o que aconteceu.
Quando os seus pais retornaram, encontraram Nick latindo enfurecido em frente a um velho túmulo, num matagal atrás da casa. Por vários e vários meses o cachorro permaneceu lá, com um olhar tristonho, como se quisesse dizer algo.
Dizem que aquela mulher era quem fazia as oferendas ao diabo, uma velha bruxa que fora enterrada ali mesmo...
“Tenho medo dos homens, eles podem nos fazer mal, nos roubar, nos tirar a vida.” – É o que ele sempre dizia. Há muito tinha perdido a fé no sobrenatural, até em Deus.
Chegou á sua casa exatamente meia-noite, quando entrou pelo portão uma garoa fina começou a cair, não demorou a luz voltou e ele pode tomar seu banho normalmente.
O rapaz estava sozinho em casa, os pais haviam viajado. Sentou-se então em frente ao computador que ficava na sala, ao lado de uma janela de vidro. Pela janela se via o quintal, a escuridão que estava lá fora, e toda hora sentia a impressão que tinha alguém do lado de fora.
De repente um barulho estranho o chamou a atenção, ele hesitou em sair pela porta, agora sim teve medo, mesmo cético temeu que algo fora do normal acontecesse, tremeu.
O frio na espinha, os calafrios o fizeram até esquecer seu ateísmo, fazendo um sinal da cruz.
“Cruz credo!” – disse para si mesmo
Um vento forte soprou lá fora, o céu estava fechado, as nuvens carregadas. Começou então a relampejar. Ele resolveu desligar o computador, de repente ouviu-se um estouro e a escuridão se fez presente, novamente havia acabado a energia.
- Que noite estranha. Deus me livre. – disse para si mesmo
Procurou por velas durante um tempo, logo encontrou duas, demorou um pouco para acender. Depois de acesas colocou ambas na sala, onde estava para clarear a sua volta.
Ele estava sentado no sofá em frente à janela, a chuva caia forte lá fora e á todo momento os relâmpagos clareavam o quintal, era medonho. “Credo, vou sair daqui!” – disse para si mesmo
Foi para quarto, deitou-se em sua cama. Estava sem sono, então logo vieram em sua cabeça centenas de histórias de terror que lhe haviam contado, todas sobre aquela casa, onde ele morava.
- O que esta acontecendo comigo? – disse – Nunca fui de ter medo dessas coisas...
Diziam as inúmeras lendas que aquela era amaldiçoada, pois ali em outrora fora o lugar que pessoas faziam suas oferendas ao Diabo, quase sempre matando o primogênito. Depois de construída a casa só uma família morou ali, um casal que tinha apenas um filho, o menino simplesmente desapareceu sem nenhuma explicação, logo eles se mudaram e ninguém mais ouviu falar do casal.
Mas ele era cético, assim fora criado pelos pais, sem crença nenhuma, só no que se pode ver e tocar. E aquele medo que sentia não era normal, não para ele.
Mudou então os focos dos pensamentos, para que aquele receio pudesse partir, porém alguém começou a bater na porta da sala. Num primeiro momento hesitou em sair do quarto, mas depois decidiu ver quem era, passou pela cozinha e pegou uma faca. Caminhou a passos lentos em direção a porta, á abriu bem devagar, o coração estava a mil. Respirou aliviado quando viu seu cachorro batendo na porta.
- Nick você quase me matou do coração. – disse deixando o cachorro entrar – É melhor eu ir dormir, estou imaginando coisas...
Nem havia se deitado, quando novamente ouviu algumas batidas na porta. Dessa vez não era o Nick, pois esse estava deitado ao pé de sua cama. Novamente caminhou a passos lentos, com uma faca na mão, e perguntou:
- Tem alguém ai?
As batidas não cessaram, ele novamente perguntou “Tem alguém ai?”
Uma voz feminina veio do outro lado da porta:
- Estou precisando de ajuda, meu carro quebrou e não tenho como prosseguir viagem. Esta é a única casa que encontrei pelas redondezas.
Ele hesitou num primeiro momento, mas abriu a porta. A moça estava toda molhada, estava num vestido branco, tinha cabelos negros e estava descalça. Era muito bonita, apesar de naquele momento parecer-lhe estranha, medonha.
- Obrigado por me acolher, não são todos que fazem isso. – disse ela sorrindo.
Fabio buscou-lhe uma xícara de café, enquanto bebia, contava-lhe o que tinha acontecido.
Só restava agora uma vela acesa, a chuva ainda era forte. O rapaz levou a moça para o quarto, mas Nick rosnou com raiva, latia muito, estava nervoso.
- Fica quieto Nick. – gritou Fábio
Ele arrumou a cama para a moça, colocou Nick para fora, o cachorro estava incontrolável.
- Desculpa , o Nick é nervoso mesmo. – disse sorrindo
- Tudo bem... – disse a moça
- Bom irei dormir no quarto ao lado, se precisar de algo dá um grito. – disse sorrindo
Então o rapaz saiu, arrumou a cama dos pais para dormir. Restava apenas um toquinho de vela, ele então se deitou.
Logo a porta do quarto se abriu e a moça entrou devagar, deitou-se ao lado dele e começou a acariciá-lo, ele não teve forças para reagir, aos poucos foi cedendo, ele a beijou.
Nick não parava de latir e bater na porta, estava muito agitado. “ Preciso dar um jeito naquele cachorro!” – disse para ela levantando-se, ficando de costas para a cama.
- Não precisa! – disse ela sorrindo
Quando ele se virou para olhá-la, ela estava colada em seu rosto. A aparência estava completamente diferente, desfigurada, o vestido branco rasgado, a pele gelada.
Ouviu-se só o grito de dor do rapaz, no outro dia encontraram seu corpo, em cima da cama toda ensangüentada. Ninguém nunca soube explicar o que aconteceu.
Quando os seus pais retornaram, encontraram Nick latindo enfurecido em frente a um velho túmulo, num matagal atrás da casa. Por vários e vários meses o cachorro permaneceu lá, com um olhar tristonho, como se quisesse dizer algo.
Dizem que aquela mulher era quem fazia as oferendas ao diabo, uma velha bruxa que fora enterrada ali mesmo...
Lucas Luiz
Publicado no Recanto das Letras
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