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Morre Ezequiel Neves, produtor musical que ajudou a revelar Cazuza

O cantor também morreu nesta mesma data, há 20 anos.
Produtor estava doente havia cinco anos, com um tumor no cérebro.


Morreu na tarde desta quarta-feira (7), na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul do Rio, o produtor musical e jornalista Ezequiel Neves. Segundo a assessoria de imprensa da clínica, Ezequiel, de 74 anos, estava internado desde o dia 22 de janeiro para tratamento de um tumor benigno no cérebro. Ainda segundo a clínica, a causa da morte foi falência múltipla dos órgãos.

Conhecido também como Zeca Jagger, o jornalista foi amigo e um dos responsáveis por lançar a carreira musical da banda carioca Barão Vermelho, do cantor Cazuza, e foi o empresário de Cássia Eller.

Foi com Cazuza que compôs sucessos como "Exagerado", que teve a participação de Leoni, e "Codinome beija-flor", que contou também com Reinaldo Arias. Cazuza faleceu nesta mesma data, há 20 anos.

Luiz Pissurno, que trabalhava como secretário de Ezequiel desde 2008, destacou a ajuda do músico Roberto Frejat, cantor, guitarrista e líder do Barão Vermelho, durante o período em que Ezequiel esteve doente.

"Agradeço muito a esta pessoa iluminada. Ele esteve ao lado de Ezequiel Neves nos piores momentos. Se não fosse o Frejat, teria sido muito pior", destacou Pissurnuo, acrescentando que o jornalista havia descoberto o tumor há cinco anos.

'Pessoa muito querida'
Para João Barone, baterista da banda carioca Os Paralamas do Sucesso, Ezequiel era uma pessoa muito querida por todos no meio musical.

"Ele talvez seja o cara que contradiga aquela máxima de viver apenas 'dez anos a mil'. Ele viveu mil anos a mil. Era uma pessoa muito doce, uma figura importantíssima na cena musical e cultural, principalmente. Acho que agora ele vai descansar, mas um momento como este não deixa de ser dramático. Ele foi se encontrar com Cazuza nesse aniversário de 20 anos de morte do cantor", lamentou.

O baterista Charles Gavin lembrou com alegria do produtor, a quem qualificou como "uma pessoa muito especial".

"A gente perdeu uma pessoa muito importante dentro do contexto cultural brasileiro. Fico realmente muito triste. O que eu mais gosta nele era irreverência e o espírito provocativo, que está se tornando cada vez mais raro hoje em dia. Era uma pessoa necessária", disse Gavin.

A cineasta Sandra Werneck, que dirigiu "Cazuza - o tempo não para", disse estar muito triste com a notícia da morte de Ezequiel:

"Além de admirar muito o Zeca como criador, ele era uma pessoa muito especial, amiga. Foi um grande parceiro no nosso filme, não só com idéias , mas vivenciando todo o processo. Adorava sua loucura e sua ireverrência. Passamos muitos domingos na minha casa com conversas deliciosas. É uma grande perda não só para os amigos, mas também para o mundo artístíco. Neste momento meu coração está com ele, que ele faça uma passagem iluminada e encontre seu grande amigo o Cazuza."

Ligação com as artes
Neves trabalhou em uma biblioteca, foi ator, jornalista musical, produtor e empresário. Também admitia ter vivido no extremo, consumindo drogas de vários tipos. Como jornalista, assinou com vários pseudônimos, além do próprio nome: Zeca Jagger, Zeca Zimmerman, em homenagem a Mick Jagger e Bob Dylan, respectivamente, e Angela Dust, que era o nome de uma droga sintética da época.

Ele contou em uma entrevista para o jornal “O Globo” de 2008 que começou a carreira de produtor com uma banda paulista chamada Made in Brazil, em 1975. Em 1979, foi para a gravadora Som Livre, a pedido do produtor Guto Graça Melo, onde trabalhou com cantores como Elizeth Cardoso e Cauby Peixoto. Logo em seguida ele saiu da gravadora, mas voltou, quando trabalhou com o Barão Vermelho. Na entrevista para “O Globo”, ele declarou:

“Em 1982 a Som Livre me contratou de novo. E caiu na minha mão — caiu não, eu roubei do Leonardo Neto (hoje empresário de Marisa Monte e Adriana Calcanhotto) — a fita do Barão Vermelho. O Leo e o Nelsinho (Motta) iam fazer uma coletânea. Mas depois de ouvir a fita do Barão eu disse: ‘Isso é um disco inteiro. O grupo é ótimo, é diferente.’ Eles tocavam rock de verdade. Era uma coisa muito violenta. E o texto do Cazuza, nunca ninguém tinha escrito daquela forma. Só que ele era filho do dono da empresa... A própria Rita Lee dizia: ‘O Ezequiel deu o golpe do baú, foi inventar que o filho do dono da empresa é cantor e compositor.’ Mas eu tava fazendo escândalo porque adorava!”

Fonte G1

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