O decorador Edgar Moura Brasil, viúvo e companheiro por quase cinco décadas do autor Gilberto Braga, fez duras críticas à nova versão de Vale Tudo, adaptada por Manuela Dias e exibida pela TV Globo em 2025. Em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, Edgar afirmou que o remake “não respeitou a essência da obra original” e destacou a “pior alteração” feita na trama: a transformação da icônica vilã Odete Roitman.
“Faltou respeito pela obra original”
Para Edgar, a nova adaptação descaracterizou completamente o espírito da novela de 1988 — um marco da teledramaturgia brasileira, escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères.
“Não teve respeito pela obra original. O texto perdeu a coerência, os personagens ficaram sem profundidade, e o debate sobre honestidade no Brasil, que era o centro de Vale Tudo, desapareceu”, avaliou o viúvo.
Segundo ele, mesmo assistindo apenas a trechos da nova versão, foi possível perceber a perda da “reflexão moral e social” que o enredo original trazia. “O público foi privado da pergunta essencial: vale a pena ser honesto no Brasil?”, lamentou.
Odete Roitman, de vilã sofisticada a caricatura
O principal alvo das críticas de Edgar foi a nova versão de Odete Roitman, personagem eternizada por Beatriz Segall em 1988.
“Transformaram a Odete em uma mulher enlouquecida, inconsequente, atirando e tentando envenenar pessoas — quase uma serial killer ninfomaníaca”, afirmou.
Ele rebateu o argumento da autora de que a vilã teria sido “humanizada” na nova versão.
“Humanizar não é emburrecer. A Odete original era humana dentro da sua maldade. Jamais deixaria um filho morrer apenas para esconder um crime”, completou.
“Gilberto não teria gostado nada”
Ao ser questionado sobre o que Gilberto Braga acharia do remake, Edgar foi categórico:
“Gilberto não teria gostado nada. Ele era um homem culto, refinado e estudioso da natureza humana. Jamais criaria personagens incoerentes ou banais.”
Ele ainda avaliou que Manuela Dias “não teve lastro intelectual” para reescrever a trama e faltou “humildade diante da grandiosidade da obra”.
“Faltaram elegância nos diálogos, refinamento psicológico e conhecimento de literatura, cinema e da história das novelas”, criticou.
Comparativo: o Vale Tudo de 1988 e o de 2025
| Elemento | Versão 1988 (Original) | Versão 2025 (Remake) |
|---|---|---|
| Autoria | Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères | Manuela Dias |
| Tema central | Ética, corrupção e o dilema da honestidade no Brasil | Relações de poder e adaptação social contemporânea |
| Odete Roitman | Vilã elegante, fria e calculista, símbolo da elite corrupta | Personagem reescrita como instável e excessivamente caricata |
| Tonalidade | Crítica social e realismo urbano | Drama psicológico e ênfase em conflitos pessoais |
| Repercussão | Considerada uma das melhores novelas da história | Recepção dividida, com críticas de fãs e especialistas |
“Novelas perderam profundidade”
Encerrando suas declarações, Edgar Moura Brasil fez uma crítica mais ampla à teledramaturgia atual:
“O nível das novelas de hoje é infinitamente inferior ao das décadas passadas. Não é saudosismo, é constatação. Falta densidade, falta coragem e sobra superficialidade.”






















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