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Consumo de arroz e feijão no Brasil bate recorde negativo desde os anos 1960


O tradicional arroz com feijão — quase símbolo da identidade alimentar brasileira — está perdendo espaço no prato dos brasileiros. Segundo reportagem do Jornal Nacional, o consumo desses grãos no país alcançou os menores índices desde o início das medições, na década de 1960.

Números que impressionam

  • O pico histórico do consumo de arroz per capita ocorreu no período entre 1991 e 2000, com média de 47 kg por pessoa ao ano.
  • Em 2024, essa média caiu para 34 kg por pessoa — o menor valor registrado na série histórica da Embrapa.
  • Já o feijão teve seu ápice entre 1961 e 1970, com média próxima a 23 kg por pessoa por ano. Em 2024, também atingiu o menor patamar registrado até hoje.

Essa queda sustentada ao longo das últimas décadas revela uma tendência potente de mudança de hábito alimentar no Brasil.

As causas desse esvaziamento do prato

O pesquisador Alcido Wander, da Embrapa Arroz e Feijão, aponta que a transformação dos lares e estilos de vida é determinante nessa trajetória. Segundo ele:

  • Nas décadas de 1960 e 1970, famílias eram maiores e cozinhar em casa era prática comum. Na vida urbana contemporânea, isso tem mudado.
  • No meio urbano, a oferta de alimentos prontos e a necessidade de rapidez no preparo têm deslocado o arroz e o feijão para um segundo plano.

Além disso, há relatos de quem dá preferência a opções mais práticas e rápidas (como sanduíches, alimentos industrializados, refeições prontas) em função da rotina apertada.

Impactos na saúde e no padrão alimentar

A redução no consumo desses grãos é motivo de preocupação entre especialistas em saúde pública e nutrição. O feijão, em especial, é considerado um marcador de alimentação saudável, pois:

  • É fonte importante de fibras, proteínas vegetais, ferro, vitaminas do complexo B e outros micronutrientes.
  • Sua presença regular no prato está associada à proteção contra doenças crônicas e obesidade.

A médica e pesquisadora Débora Malta, da UFMG, alerta que a ausência dessa dupla tão tradicional pode aumentar o risco de agravos à saúde:

“Eles protegem da obesidade e, por consequência, também das doenças crônicas não transmissíveis. Nós temos que chamar atenção para a necessidade de o brasileiro retornar à sua alimentação tradicional.”

O que isso revela sobre o Brasil de hoje

  1. Mudança de estilo de vida — a vida urbana, a pressa, a demanda por conveniência alimentar estão alterando hábitos de décadas.
  2. Desequilíbrios nutricionais potenciais — a substituição de alimentos baseados em cereais e leguminosas por opções mais ultraprocessadas pode comprometer qualidade nutricional.
  3. Desafio para políticas públicas — promover o retorno ao consumo desses alimentos exigirá incentivos, educação alimentar e ações de estimulamento da produção acessível.

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