Mesmo sendo um mercado emergente, a TVRO (Television Receive Only) em banda Ku no Brasil já nasce sob intensa pressão. Com a crescente popularidade dos serviços de streaming e os avanços em direção à TV aberta 3.0, que deve começar a dar seus primeiros passos no país a partir de 2025, a televisão via satélite precisa encontrar maneiras de se adaptar e se integrar ao ambiente digital e aos serviços oferecidos pela Internet.
Segundo Sérgio Ribeiro, VP de operações da Sky, que oferece o serviço "Nova Parabólica" – essencialmente a mesma TVRO, mas utilizando o satélite da operadora –, a integração com serviços digitais é inevitável. "Hoje, para nós, é uma oportunidade de oferecer mais serviços ao cliente, como o acesso pré-pago aos canais pagos, caso ele deseje. E não tem por que não pensarmos em um futuro onde esse serviço esteja integrado à banda larga via satélite", afirma Ribeiro. Vale lembrar que a Sky é parceira da Amazon Kuiper para oferecer banda larga residencial no Brasil, projeto previsto para começar entre o final de 2025 e o início de 2026. Além disso, outra evolução esperada é a inclusão de canais FAST (Free Ad-supported Streaming Television), que combinam a transmissão ao vivo com publicidade.
A Embratel, operadora do satélite utilizado na política pública de TVRO, também celebra o avanço da tecnologia. Guilherme Saraiva, diretor de vendas da empresa, revela que estão sendo discutidas formas de integrar o sinal de satélite com conteúdos de Internet. Ele destaca o potencial de evolução da TVRO ao combinar sinais via satélite com receptores conectados, capazes de rodar aplicativos e integrar serviços online.
Integração com a TV 3.0 ainda distante
Ana Eliza Faria, gerente regulatória sênior da Globo, ressalta que, embora haja um debate sobre como a TV digital 3.0 irá se integrar à TVRO, essa integração ainda parece distante. A TV 3.0, evolução da TV digital terrestre, está na fase inicial de desenvolvimento e seus padrões ainda estão sendo definidos em políticas públicas. No entanto, ela acredita que a solução pode surgir do próprio mercado, seja por meio de set-tops conectados à Internet ou televisores compatíveis.
Faria comemora, porém, o crescimento expressivo da TVRO, especialmente nas áreas rurais e interiores do Brasil. "Sempre acreditamos no potencial desse mercado, e os números estão confirmando nossas expectativas: à medida que a transição chega ao interior, o ritmo de adoção acelera", diz ela.
Desafios de infraestrutura e inovação tecnológica
Yvan Cabral, presidente da Vivensis, fabricante de equipamentos de recepção, aponta que a demanda por instaladores tem crescido de maneira expressiva, o que representa um desafio. Ao mesmo tempo, ele vê oportunidades com o desenvolvimento de novas caixas de recepção, que prometem transformar a experiência do usuário. "Estamos trabalhando em uma caixa que oferecerá a experiência da TV 3.0, com a entrega dos sinais por satélite e também acesso a aplicativos de streaming", revela Cabral. Além disso, ele menciona negociações com a Sky e, em estágio inicial, com a Claro TV, para integrar seus serviços a esses novos dispositivos.
O mercado de TVRO em banda Ku, embora ainda em fase inicial, está claramente se movendo em direção a uma integração mais ampla com serviços de Internet e à evolução da TV digital, em um cenário que promete transformar a maneira como os brasileiros consomem televisão nos próximos anos.
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