Conceito representa um setor da economia focado na resolução de problemas ambientais, e já é aplicado por empresas brasileiras
A relação entre ser humano e meio ambiente deixou cicatrizes no planeta, e a mudança climática ocasionada pelo aquecimento global é uma delas. Um exemplo da dinâmica destrutiva é a exploração madeireira ilegal, que impõe desmatamento sobre as matas nativas e interfere no habitat natural de espécies da região. O último relatório da Organização Meteorológica Mundial alertou que a emissão dos três principais gases do efeito estufa atingiram níveis extremos em 2021. O estudo indica que o derretimento das geleiras e aumento do nível do mar bateram recordes em 2022.
Para conciliar a demanda por matéria-prima e sustentabilidade diante dos dados alarmantes, a chamada “economia verde” surge como solução. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a principal autoridade global ambiental, o conceito visa promover o crescimento econômico baseado no bem-estar social e reduzir os riscos ambientais e escassez ecológica, garantindo a equidade social. A Parceria de Ação para a Economia Verde (PAGE), que reúne cinco agências das Nações Unidas, aplica a economia verde apoiando nações e regiões por meio de aconselhamento na transformação de políticas e práticas econômicas relacionadas à sustentabilidade. O objetivo é alcançar o crescimento econômico, reduzir a pobreza, gerar renda e empregos, fortalecendo a base ecológica da economia.
A inovação é considerada um setor da economia com foco na resolução de problemas ambientais. Empresas que desejam contribuir com o desenvolvimento sustentável podem aplicá-la. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) os esforços para combater as mudanças climáticas vão gerar 18 milhões de empregos até 2030.
Na prática e em números
Segundo o MapBiomas de 2023, o relatório anual do desmatamento no Brasil, o país perdeu 8,56 milhões de hectares de mata nativa nos últimos cinco anos, sendo mais de 85% na Amazônia e no Cerrado. A estimativa é de que 93% da área desmatada teve pelo menos um indício de irregularidade, isso significa que estão dentro de territórios protegidos ou não cruzam espacialmente com autorizações.
Segundo um estudo feito pelo Instituto Totum e pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), da Universidade de São Paulo em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, cada árvore nativa da mata atlântica capta 163,14 kg de CO2 ao longo de seus primeiros 20 anos.
O Instituto Brasileiro de Florestas (IBF) é um exemplo entre as empresas brasileiras que trabalham seguindo a economia verde. O IBF mantém um Polo Florestal de Mogno Africano, uma árvore exótica e de madeira nobre, na cidade de Pompéu em Minas Gerais, e promove o reflorestamento comercial.
Para o gerente comercial, Gilberto Capeloto, a atividade comercial é aliada do meio ambiente, “O reflorestamento comercial de Mogno Africano consiste no cultivo da espécie e corte ao final de seu ciclo, que acontece entre 17 e 20 anos. Ao longo de seu crescimento, as árvores são responsáveis por absorver dióxido de carbono, CO2, e devolver oxigênio para o planeta, contribuindo para combater o efeito estufa. São 4.400 hectares de áreas sob gestão em Minas Gerais e 350 investidores que escolheram a atividade como forma de obter lucro a longo prazo, tendo em vista que a madeira tem alto valor agregado e é vendida para fabricação moveleira, construção civil, indústria naval, produção de diversos objetos, de forma nacional e internacional”.
Além do potencial lucrativo da floresta, que pode render mais de R$ 10 milhões, considerando uma floresta de 6 hectares, a geração de empregos é outro aspecto positivo na economia verde. O IBF emprega mais de 100 colaboradores, entre engenheiros ambientais; engenheiros florestais; tratoristas; fiscais; viveiristas; profissionais de RH e de outras funções.
Foto: Instituto Brasileiro de Florestas
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