Farmacêutico oncológico Victor Almeida, com atendimento no Núcleo de Oncologia do Agreste - NOA, diz que não é possível pensar em tratamento oncológico, atualmente, sem a possibilidade e os resultados que a imunoterapia proporciona
O sistema de defesa ou imune é responsável por proteger o organismo de agressões causadas por infecções ou células cancerígenas. Muitos tipos de câncer se caracterizam por “adormecer” a imunidade e permitir o avanço das doenças. Por isso, a imunoterapia vem como um tipo de tratamento que oferece ao corpo certas substâncias ou moléculas que ativam as células de defesa para lutar contra as células doentes.
O farmacêutico oncológico Victor Almeida, com atendimento no Núcleo de Oncologia do Agreste - NOA, destaca que a imunoterapia para combater o câncer foi uma mudança de paradigma do tratamento de pacientes oncológicos, o que contribuiu para a melhora da qualidade de vida de muitos que, anteriormente, não possuíam perspectiva de tratamento. Ele diz que a mudança foi capitaneada pelos pesquisadores James P. Allison e Tasuku Honjo, que receberam o prêmio Nobel de medicina de 2018. Os resultados fomentaram novos estudos para indicações diversas à oncológica, se estendendo a tratamentos para alergias, asma, artrite e outros.
Victor Almeida explica que a atuação do sistema imunológico é muito importante no combate a infecções e a outras doenças que eventualmente possam acometer o organismo. "A estimulação da atuação do sistema imune não é uma novidade no tratamento de doenças. As vacinas, por exemplo, têm como objetivo reforçar a nossa imunidade contra agentes externos. Pesquisas comprovaram que alguns tipos de câncer, para se proteger, são capazes de ludibriar ou inativar os linfócitos, que são células de defesa do organismo responsáveis por identificar que há algo errado acontecendo. Dessa forma, com essa perda das funções das células de defesa, as células cancerosas acabam criando um ambiente perfeito para a sua proliferação".
O tratamento imunológico diferencia-se do quimioterápico porque enquanto esse ataca diretamente as células cancerígenas aquele estimula a atuação do sistema imunológico no combate dessas células. "Se existe algo que impede a atuação das células de defesa do nosso organismo para que elas reconheçam as células cancerígenas e as destruam, se esse impedimento for inativado, o nosso sistema imunológico poderá combater as células cancerígenas em melhores condições", esclarece o farmacêutico.
Os estudos realizados abrem novas possibilidades de tratamento para diversos pacientes. Para se ter uma ideia, inicialmente, o medicamento imunoterápico Pembrolizumabe foi aprovado para um tipo de câncer - o melanoma metastático ou irressecável, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Atualmente, é indicado para o combate a mais de dez tipos de câncer. Essa ampliação da utilização dos medicamentos imunoterápicos ocorre com outros medicamentos que estimulam o sistema imunológico. "Novos estudos também se mostraram favoráveis, a depender da indicação, da associação de medicamentos quimioterápicos com medicamentos que estimulam o sistema imunológico como uma combinação favorável e com muitos resultados para o combate ao câncer, o que já nos mostra uma nova perspectiva", considera Victor Almeida.
O farmacêutico oncológico alerta que, apesar dos incontáveis benefícios, o tratamento baseado na imunoterapia pode provocar reações que podem trazer consequências graves, como problemas da pele ou no fígado, tendo a possibilidade de adiamento das aplicações do imunoterápico para que o organismo se reestabeleça ou até a suspensão da utilização de determinado medicamento. "É importante que a equipe assistencial acompanhe e identifique possíveis reações o mais precoce possível, a fim de balizar a melhor alternativa para o monitoramento das condutas e do acompanhamento dos pacientes", orienta Victor Almeida.
O farmacêutico destaca ainda que não é possível pensar em tratamento oncológico, atualmente, sem a possibilidade e os resultados que a imunoterapia proporciona. Porém, não são todos os cânceres que possuem indicação e medicamentos imunoterápicos disponíveis para tratamento. "Há uma profusão de novos estudos, novas indicações clínicas e novos medicamentos em constante desenvolvimento, o que nos leva a pensar não em cura completa do câncer, mas em novas possibilidades de tratamento com resultados cada vez mais promissores para os pacientes", comemora.
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