A canção “Taj Mahal”, lançada originalmente em 1972 no nono álbum de estúdio de Jorge Ben (o clássico Ben), é daquelas músicas que parecem carregar um sol próprio. Com seu refrão circular e contagiante, ela se espalhou pelo país como um mantra alegre, sendo relançada diversas vezes e consolidando-se como um dos maiores sucessos do cantor brasileiro.
Alguns anos depois, em 1978, a melodia de “Taj Mahal” atravessou o oceano Atlântico e foi parar, de forma nada planejada, em um dos maiores hits do rock britânico: “Da Ya Think I'm Sexy?”, interpretada por Rod Stewart.
E aí nasceu um dos casos mais emblemáticos de plágio musical entre artistas brasileiros e internacionais.
O Caminho da Melodia
Rod Stewart esteve no Brasil durante o Carnaval de 1978, quando “Taj Mahal” tocava sem parar nas rádios, trios e bailes. A canção de Jorge Ben Jor, repetida como um feitiço musical, grudou no ouvido do cantor britânico. Meses depois, já longe do calor carioca, Stewart compôs “Da Ya Think I’m Sexy?” e, no refrão, a melodia que saltou de sua memória era praticamente idêntica ao refrão de “Taj Mahal”.
Do Samba-Rock ao Tribunal
Não demorou para Jorge Ben Jor perceber a semelhança. O artista moveu um processo judicial contra Rod Stewart, acusando-o de plágio. O caso ganhou repercussão internacional e colocou a música brasileira no centro das discussões sobre direitos autorais.
A Resolução do Conflito
O desfecho foi tão inusitado quanto educativo:
• Acordo: Rod Stewart e Jorge Ben Jor chegaram a uma solução amigável.
• Admissão: Stewart admitiu o “plágio involuntário”, afirmando que a melodia havia surgido de forma “inconsciente”.
• Doação: Em vez de lutar por royalties, o cantor britânico abriu mão de todos os lucros de sua canção. Os valores foram doados integralmente para a UNICEF, beneficiando projetos humanitários ao redor do mundo.
Anos depois, em sua biografia, Rod Stewart reconheceu que a melodia de “Taj Mahal” havia ficado marcada em seu subconsciente durante sua passagem pelo Carnaval brasileiro. Jorge Ben Jor, por sua vez, reafirmou sua posição histórica como um dos compositores mais influentes do país, agora com um episódio internacional que ampliou ainda mais sua relevância.
Um Caso que Ecoa Até Hoje
O episódio não apenas consagrou “Taj Mahal” como um clássico mundial, mas também serviu de alerta sobre como melodias podem atravessar fronteiras, colar na memória e ressurgir onde menos se espera. E reforçou a importância dos direitos autorais na era em que a música circula com a leveza do ar.
No fim, saiu todo mundo ganhando: a justiça foi feita, a UNICEF recebeu ajuda, e a música brasileira deixou sua marca no mundo com uma história quase tão boa quanto a própria canção.






















0 Comentários
Para comentar neste Blog você deve ter consciência de seus atos, pois tudo que aqui é postado fica registrado em nossos registros. Tenha em mente que seu respeito começa quando você respeita o próximo. Lembre-se que ao entrar aqui você estará em um ambiente bem descontraído e por isso contribua para que ele sempre fique assim. Não esqueça que os comentários são moderados e só iram ao ar depois de uma analise e se passarem por ela iremos publicar, caso não ele será deletado. Para os novos comentários via Disqus ou Facebook a moderação não se faz necesária, já que o nome do usuário fica salvo nos comentários.
Obrigado pela visita e volte sempre.