A Bíblia, considerada a Palavra de Deus para cristãos de todo o mundo, não surgiu de uma só vez. Ela é fruto de um longo processo histórico e espiritual, envolvendo a transmissão oral, a escrita em manuscritos, traduções e divisões para facilitar a leitura.
A origem das Escrituras
Antes de existir a Bíblia como a conhecemos hoje, os textos sagrados eram transmitidos de forma oral. O povo de Israel guardava a memória de sua fé contando histórias de geração em geração, até que, aos poucos, essas tradições foram sendo registradas em pergaminhos e papiros.
No Antigo Testamento, sacerdotes, escribas e profetas foram os principais responsáveis por escrever e preservar as escrituras. Já no Novo Testamento, os evangelhos e cartas apostólicas circularam em comunidades cristãs através de cópias feitas manualmente por monges e copistas ao longo dos séculos.
Quem dividiu a Bíblia em capítulos e versículos
Originalmente, os livros da Bíblia eram contínuos, sem divisão em capítulos ou versículos. Foi apenas no século XIII, que o arcebispo de Canterbury, Stephen Langton, propôs a divisão em capítulos, facilitando a localização das passagens.
Mais tarde, no século XVI, o impressor francês Robert Estienne (Stephanus) organizou os versículos do Novo Testamento e depois do Antigo, consolidando o formato que usamos até hoje.
A tradução para o latim
Com a expansão do Cristianismo no Império Romano, surgiu a necessidade de uma tradução comum. No final do século IV, o monge São Jerônimo foi encarregado de traduzir a Bíblia para o latim, língua oficial da época.
Sua versão, chamada Vulgata, tornou-se a Bíblia oficial da Igreja Católica por mais de mil anos e serviu de base para várias traduções posteriores.
Diferenças entre a Bíblia católica e a protestante
A principal diferença está no cânon (conjunto dos livros reconhecidos como inspirados).
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A Bíblia Católica possui 73 livros: 46 no Antigo Testamento e 27 no Novo.
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A Bíblia Protestante possui 66 livros: 39 no Antigo Testamento e 27 no Novo.
Os sete livros a mais da tradição católica (Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, 1º e 2º Macabeus, além de alguns trechos de Ester e Daniel) são chamados de deuterocanônicos.
Os protestantes os chamam de apócrifos, porque, durante a Reforma Protestante, Martinho Lutero e outros reformadores consideraram apenas os livros aceitos no judaísmo como parte do Antigo Testamento.
Por que existe essa diferença?
No século XVI, a Reforma Protestante buscou retornar às origens bíblicas e adotou o cânon hebraico, que não incluía os deuterocanônicos. A Igreja Católica, no Concílio de Trento (1546), reafirmou a inclusão desses livros como inspirados. Essa decisão consolidou a diferença que permanece até hoje.
Como era lida a Palavra antes da Bíblia impressa
Antes da invenção da imprensa por Gutenberg no século XV, as Escrituras eram copiadas à mão por monges copistas em mosteiros. Essas cópias, geralmente em pergaminho, eram longas, caras e demoradas de produzir.
As leituras das Escrituras aconteciam principalmente nas sinagogas, no caso dos judeus, e nas igrejas, para os cristãos. Poucas pessoas tinham acesso a exemplares completos, por isso a transmissão da fé acontecia também pela pregação oral e pela tradição.
Quantas versões da Bíblia existem?
Atualmente, existem milhares de versões e traduções da Bíblia. Estima-se que já tenha sido traduzida integralmente para mais de 700 idiomas e parcialmente (pelo menos um livro) para cerca de 3.600 línguas e dialetos.
No Brasil, algumas das versões mais conhecidas são:
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Católicas: Bíblia de Jerusalém, Ave Maria, Bíblia Pastoral.
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Protestantes: Almeida Revista e Corrigida, Almeida Revista e Atualizada, Nova Versão Internacional (NVI), Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH), King James Atualizada, entre outras.
Cada tradução pode ter variações de linguagem e estilo, mas o núcleo da mensagem cristã permanece o mesmo.
Em resumo, a Bíblia é resultado de séculos de transmissão oral, manuscrita e traduzida. Sua divisão atual em capítulos e versículos só surgiu na Idade Média. A tradução de São Jerônimo para o latim garantiu unidade por mais de mil anos, até a Reforma Protestante, que deu origem a diferenças no cânon. Hoje, ela é o livro mais traduzido e difundido da história, com versões acessíveis a praticamente todas as culturas do mundo.
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