A inquietude criativa do Centro de Criação Galpão das Artes, de Limoeiro, segue colhendo frutos e ganhando novos palcos. No último sábado (3), a peça "O Peru do Cão Coxo" foi apresentada no histórico Museu de Arte Sacra de Pernambuco (Maspe), em Olinda, reafirmando o vigor e a relevância do teatro produzido no interior do estado. O espetáculo, escrito por Ariano Suassuna e dirigido por Charlon Cabral, já percorreu 20 cidades pernambucanas e uma paraibana — Taperoá (PB) — espalhando brasilidade, poesia nordestina e encanto por onde passa. A montagem, que traz uma narrativa cômica e repleta de críticas sociais no estilo inconfundível de Suassuna, foi recebida com entusiasmo por um público diverso, reunindo gerações distintas e movimentando o comércio formal e informal da região. A tarde cultural em Olinda foi mais uma demonstração do impacto social, cultural e econômico que o teatro pode gerar.
O elenco é formado por Geraldo Cosmo, Charlon Cabral, Aldemir Freire, Gaby Salles, Patrícia Assunção, Deyvsson Alves e Thiago Freitas. A direção de arte é assinada por Thiago Freitas, que também contribui com a criação de figurinos ao lado do costureiro Wellington Pereira. O figurino, inclusive, já foi premiado, e se destaca pelo uso criativo e colorido de retalhos. O cenário é criação do próprio Charlon Cabral, enquanto a direção musical leva a assinatura do saxofonista Aldemir Freire. A apresentação ganhou contornos ainda mais simbólicos ao ocorrer no Maspe, espaço que respira história e espiritualidade. Fundado em 11 de abril de 1977, o museu está instalado na antiga Casa da Câmara, uma das primeiras construções da Vila de Olinda, fundada por Duarte Coelho em 1537. O prédio foi palácio episcopal, residência de religiosos, colégio e até quartel do Exército durante a Segunda Guerra Mundial.
Hoje, além da belíssima fachada com o brasão episcopal e a placa da UNESCO que reconhece Olinda como Monumento Cultural da Humanidade (desde 1982), o Maspe abriga um acervo com relíquias sacras, incluindo imagens eruditas policromadas e douradas do século 16, santos populares, relicários e pinturas religiosas. Com a apresentação em Olinda, o Galpão das Artes reafirma seu papel como polo de resistência e difusão cultural do Agreste, levando adiante a missão de valorizar as raízes nordestinas e de democratizar o acesso à arte, com um teatro que pulsa identidade, história e emoção. "O Peru do Cão Coxo" segue seu caminho, deixando rastros de aplausos, reflexão e orgulho limoeirense por onde passa.
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