A Semana Santa é um dos períodos mais importantes do calendário cristão, celebrando a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Embora tanto a Igreja Católica quanto a Igreja Ortodoxa compartilhem essa mesma fé e os mesmos fundamentos bíblicos, existem diferenças significativas na forma como cada tradição vive e celebra esses dias santos.
1. Datas Diferentes
A principal diferença começa pelo calendário. A Igreja Católica segue o calendário gregoriano, instituído pelo Papa Gregório XIII em 1582. Já a Igreja Ortodoxa utiliza o calendário juliano, mais antigo, para calcular a data da Páscoa. Isso faz com que, na maioria dos anos, a Semana Santa ortodoxa ocorra uma ou até cinco semanas depois da católica.
2. Ênfase Litúrgica e Rituais
Ambas as tradições celebram a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém no Domingo de Ramos, a Última Ceia na Quinta-feira Santa, a crucificação na Sexta-feira Santa e a ressurreição no Domingo de Páscoa. Mas os ritos litúrgicos são bastante distintos.
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Igreja Católica: celebrações mais concisas, com missas e procissões. Destaque para a missa da Ceia do Senhor (com o lava-pés), a adoração da cruz na Sexta-feira Santa e a Vigília Pascal no sábado à noite.
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Igreja Ortodoxa: os cultos são mais longos e marcados por uma forte carga simbólica. Há múltiplos ofícios diários, incluindo o “Ofício do Noivo”, que começa ainda no Domingo de Ramos à noite. Na Sexta-feira, o corpo de Cristo é simbolicamente retirado da cruz e colocado em um túmulo decorado com flores.
3. A Vigília Pascal
Na Igreja Católica, a Vigília Pascal é celebrada no sábado à noite, com bênção do fogo, do círio pascal e leitura das promessas batismais.
Na Ortodoxa, essa vigília começa por volta da meia-noite do sábado e culmina com uma procissão ao redor da igreja, quando os fiéis entoam o cântico “Cristo ressuscitou!” (em grego, Christós Anésti), seguido pela Liturgia Pascal, uma das mais festivas do ano.
4. Jejum e Preparação
A preparação para a Semana Santa também é diferente:
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Católicos praticam o jejum principalmente na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, com recomendações de abstinência de carne durante todas as sextas da Quaresma.
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Ortodoxos observam um jejum mais rigoroso, durante toda a Grande Quaresma, que pode durar até 50 dias, sem consumo de carne, laticínios, ovos e, em alguns dias, até azeite e vinho.
5. Tradições e Cultura Local
A religiosidade popular também influencia: em países católicos como o Brasil, Espanha e Itália, são comuns procissões com imagens, encenações da Paixão e celebrações nas ruas. Já nas tradições ortodoxas (como na Grécia, Rússia, Sérvia e Etiópia), as celebrações têm um caráter mais contemplativo, e os cantos bizantinos e ícones sagrados desempenham papel central.
Conclusão
Apesar das diferenças nas datas e nos rituais, a essência da Semana Santa é a mesma: recordar o amor de Cristo pela humanidade e celebrar a esperança renovada pela ressurreição. As duas tradições, com suas riquezas próprias, oferecem caminhos belíssimos para viver esse mistério central da fé cristã.
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