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Rendimentos de profissões ligadas à Matemática equivalem a 4,6% do PIB e são 119% superiores em relação às demais ocupações


  • Remuneração de profissões ligadas à Matemática é, em média, mais que o dobro das demais ocupações;
  • Pesquisa inédita realizada pelo Itaú Social revela que rendas elevadas podem ser atribuídas ao alto grau de escolarização dessas profissões;
  • Segundo o estudo, há predominância de trabalhadores formais. Eles correspondem a 84% do total entre as ocupações ligadas à Matemática;

Número de trabalhadores negros (pretos e pardos) aumentou de 33% para 36%, entre 2012 e 2023. A participação das mulheres passou de 28% para 31%

Fevereiro de 2023 - Entre 2012 e 20231, os rendimentos dos profissionais que atuam em áreas ligadas à Matemática equivaleram, em média, a 4,6% do PIB (Produto Interno Bruto). O dado faz parte do estudo "Contribuição da Matemática para a economia brasileira" realizado pelo Itaú Social a partir de uma articulação com o IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada). O estudo aponta ainda que tais ocupações oferecem salários 119% maiores que a média dos demais trabalhadores.

Segundo o estudo, inédito no Brasil, a média de rendimentos dos indivíduos cujas ocupações envolvem Matemática foi de R$ 3.520 no terceiro trimestre de 2023 - mais que o dobro do valor médio das demais categorias, que alcançou apenas R$1.607 no período.

A análise por raça/cor revela uma predominância de trabalhadores brancos nas profissões ligadas à Matemática. Mesmo assim, a proporção de pessoas negras (pretas e pardas), entre 2012 e 20232, aumentou ligeiramente de 33% para 36%. No quesito gênero, nesse mesmo período de análise, a participação das mulheres também cresceu de forma tímida, de 28% para 31%.

Os dados apresentam um conjunto de evidências e hipóteses iniciais que demonstram de que forma o Brasil se beneficiaria economicamente de um maior aprendizado em Matemática. Para a superintendente do Itaú Social, Patricia Mota Guedes, os dados da pesquisa evidenciam o quanto é importante o investimento em educação matemática de qualidade. "Não estamos falando apenas do desempenho dos estudantes nas avaliações educacionais, mas de melhores oportunidades profissionais".

Na visão da superintendente, o estudo é um indicador das potencialidades oferecidas pela disciplina, ensinada desde a Educação Básica, e sua influência no futuro desses jovens. "O levantamento traz dados concretos para sensibilizar cada vez mais o poder público, setor produtivo e sociedade de forma ampla sobre a relevância da matemática para o desenvolvimento de um país. Os dados mostram o quanto perdemos, enquanto sociedade, se naturalizamos o baixo desempenho de nossos estudantes na matemática, e se mantemos a crença de que a matemática é apenas para poucos. O estudo reforça como podemos também avançar na redução das desigualdades, na medida em que o país investir mais e melhor no ensino da matemática, com recursos e abordagens que desenvolvam confiança e competência nessa área de conhecimento para cada e todo estudante."

Sobre a pesquisa

O estudo "Contribuição da Matemática para a economia brasileira" foi realizado a partir de metodologia proposta em uma pesquisa sobre o impacto da disciplina na economia francesa, conduzido pelo CNRS, na sigla em francês, (Centro Nacional de Pesquisa Científica), adaptada às características do mercado nacional. Além de propor uma discussão sobre as potenciais contribuições das atividades ligadas à Matemática para a economia do Brasil, o levantamento aborda aspectos relacionados à escolaridade, raça/cor, idade e gênero.

O estudo utilizou os dados da PNADC (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) - bem como a classificação e ponderação de intensidades propostas pela edição francesa - para calcular o número de trabalhadores em ocupações intensivas em Matemática e suas remunerações associadas. O cálculo de equivalência com o PIB, também replicando a metodologia francesa, foi feito a partir da soma de todos os rendimentos do trabalho provenientes de ocupações intensivas em Matemática (massa de rendimentos).

Importância da Matemática para a economia do país.

De modo geral, a pesquisa mostra que o percentual de trabalhadores ligados à Matemática no Brasil (7,4%) é mais baixo em relação aos países europeus (10%) que integraram o estudo francês. No Brasil, as ocupações da Matemática estão mais concentradas nas áreas de serviços administrativos, financeiros, técnicos e de tecnologia da informação do que em engenharia e pesquisa - a exemplo do que ocorre nos países europeus.

Segundo o diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana, "este estudo realizado pelo Itaú Social é precioso, uma contribuição fundamental para o conhecimento da realidade brasileira atual. O impacto da matemática na economia de cada país é, nos nossos dias, uma excelente medida do seu grau de desenvolvimento. O estudo mostra, a partir de dados concretos e abrangentes, que temos uma estrada a percorrer para nos equipararmos às economias mais avançadas. Sobretudo, ele aponta os caminhos para ativarmos no Brasil, por meio de investimentos estratégicos em educação, o imenso potencial da matemática para gerar riqueza e desenvolvimento.”

No que diz respeito à regulamentação trabalhista, o estudo indica uma predominância de trabalhadores contratados por meio de acordos formais, contingente que corresponde a 84% do total entre aqueles que ocupam funções ligadas à Matemática. Esse índice é significativo quando comparado à média da economia brasileira, que registra aproximadamente 67% de trabalhadores no mercado formal, conforme os dados da PNADC do terceiro trimestre de 2023.

Tanto entre os profissionais formais quanto informais, a representação feminina em funções ligadas à Matemática é menor. O aumento percentual observado no sexo feminino nessas ocupações é mais evidente entre as trabalhadoras informais. Segundo a pesquisa, entre 2016 e 20233, o número de mulheres em empregos informais na Matemática registrou o maior crescimento percentual, com uma elevação de 57,8%, passando de 226 mil para 357 mil, enquanto o número em empregos formais na Matemática teve um aumento de 7,3%.

Por outro lado, o número de mulheres em empregos formais na Matemática aumentou 23%. Os homens, na mesma condição, registraram crescimento de 8%, enquanto os informais apresentaram uma elevação de 36,8% no mesmo período.

Os dados sobre a alta escolarização dos trabalhadores na área da Matemática são elementos que auxiliam a compreensão do índice de formalidade ou a estabilidade desses empregos em momentos de crise. Segundo a pesquisa, indivíduos com maior nível de escolarização tendem a ser menos vulneráveis à eventual substituição, pois ocupam cargos que demandam maior especialização.

Embora a proporção dos trabalhadores ligados à Matemática, no total de pessoas empregadas de 2012 a 2022, tenha se mantido entre 7% e 8%, o crescimento desses profissionais no período de dez anos foi superior ao do mercado de trabalho total, com uma taxa média anual de 1,98%, em comparação aos 0,99% dos ocupados em geral.

Esse cenário ficou evidente durante a pandemia de Covid-19, quando as profissões que envolvem Matemática tiveram uma queda menor, e se recuperaram mais rapidamente que as outras ocupações. Enquanto as primeiras tiveram um declínio máximo de 6,8%, para as demais foi de 13,1%.

Faixa-etária

Quanto à idade média dos trabalhadores vinculados à Matemática, o índice oscilou entre 36,9 e 38,6, com leve tendência de aumento ao longo dos anos. Para efeito de comparação, a idade média do trabalhador brasileiro no primeiro trimestre de 2023 era de 39,3 anos, o que indica que os profissionais envolvidos em atividades matemáticas são um pouco mais jovens que a média nacional.

O contingente de profissionais com habilidades matemáticas por faixa etária cresceu, especialmente, entre os trabalhadores de 22 a 46 anos, no período de 2016 e 2023. No primeiro trimestre de 2023, 80% das pessoas que atuavam em ocupações matemáticas tinham menos de 48 anos.

Divisão regional

Segundo o estudo, a maioria dos trabalhadores relacionados à Matemática está nas regiões Sudeste e Sul. São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná abrigam mais da metade desses profissionais. Ao analisar a proporção em relação ao total de trabalhadores da respectiva unidade federativa, nota-se que o Distrito Federal e o Rio de Janeiro se destacam.

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