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Doação de córnea cresce, mas ainda falta conscientização‏



O ceratocone é uma doença degenerativa responsável por deformar a córnea. Nos casos mais graves, pode até provocar cegueira e, para sanar de vez o problema, só fazendo transplante de córnea. Procedimento que não é de todo ruim para os brasileiros. Segundo o Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde, a espera pela chance de receber uma nova córnea praticamente não existe mais no país, fazendo com que o paciente não chegue a passar mais de um m ês na fila – tempo que leva para fazer exames e acertar os tramites da cirurgia. Aliás, o Brasil é referência mundial no campo dos transplantes, com 95% dos procedimentos realizados pelo SUS. De maneira geral, os transplantes de órgãos sólidos e tecidos (como córnea, pele, tecido ósseo) têm crescido. Em relação ao número de transplantes, o Brasil é o maior sistema do mundo.

E em Pernambuco não é diferente. De acordo com a Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE), nos primeiros quatro meses de 2016 foram registradas 445 doações de órgãos e tecidos. O quantitativo é 21,25% maior que o mesmo período de 2015, que totalizou 367. O aumento foi motivado, principalmente, pela doação de córnea, que cresceu 71% (de 139, em 2015, para 238, em 2016). O dado geral é animador, mas ainda é preciso continuar conscientizando a população da importância do ato, pois, em Pernambuco, cerca de 45% das potenciais doações não são realizadas por causa da recusa dos familiares, sendo o prin cipal entrave para efetivar o ato. De janeiro a abril, foram realizados, no Estado, 445 transplantes em Pernambuco. Foram 3 de válvula cardíaca, 3 de rim/pâncreas, 10 de coração, 35 fígado, 68 de medula óssea, 88 de rim e 238 de córnea.

A Córnea está localizada na parte anterior do globo ocular e, juntamente com a esclera, compõe a parte fibrosa e protetora do olho. A boa visão é consequência da transparência desta estrutura. Alterações no formato e na transparência da córnea podem comprometer seriamente a visão. O transplante consiste na substituição da córnea opaca ou doente por uma córnea doada sadia a fim de melhorar a sua visão, ou corrigir defeitos oculares que ponham em risco a anatomia ou a função do olho. Pode ser substituída a espessura total (penetrante) ou parcial (lamelar). É um procedimento cirúrgico que pode ser realizado em caráter ambulatorial, não send o necessária a hospitalização do paciente.

Novas técnicas têm auxiliado ainda mais pessoas que precisam se submeter ao transplante de córnea. Os médicos oftalmologistas Bernardo Cavalcanti e Lúcio Maranhão, do Hospital de Olhos de Pernambuco (Hope), trouxeram de Indianápolis, nos Estados Unidos, uma técnica revolucionária. Trata-se da chamada DMEK, que permite uma menor incisão, além de menor quantidade de sutura – precisa de apenas uma e o transplante tradicional leva em média 16 suturas. As vantagens também se estendem para o pós-operatório, já que estudos indicam apenas 1% de rejeição com o método DMEK, em comparação com 20% nos transplantes tradicionais penetrantes.

A nova técnica consiste na remoção de uma fina camada da córnea que contém a Membrana de Descemet e Endotélio (ambas são camadas do olho) das córneas doadas. Essa fin a camada pode ser implantada por incisão de 3.0mm, enquanto o transplante endotelial requer em média uma abertura de 5.2mm. Essa técnica permite uma melhor e mais rápida recuperação visual. “Nós aprendemos todas as novidades em relação à preparação do tecido doador, técnica de aplicação no enxerto no receptor, dados novos em relação à recuperação visual e rejeição”, explica Dr. Bernardo Cavalcanti. Qualquer pessoa que falece, seja por morte encefálica ou por parada cardíaca, pode doar a córnea, que, após a retirada, dura até 14 dias. Para que haja a doação, de acordo com a legislação brasileira, um parente de até segundo grau precisa autorizar.


Prevenção – No caso do ceratocone, algumas atitudes na rotina podem ajudar a prevenir e até mesmo evitar o desenvolvimento da doença. Pessoas com hábito de coçar os olhos possuem mais chances de desenvolver a doença, portanto esse hábito deve ser evitado. Proteger os olhos com óculos escuros, pois a luz, seja do sol ou outros tipos de radiação, causa sensibilidade, proporcionando o desenvolvimento da doença. O tratamento para o ceratocone inclui o uso de óculos, lentes de contato e cirurgias e, por fim, o transplante.

Por Maiara Melo

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