O comediante cearense Chico Anísio inspirou-se nele para criar o personagem “coronel Limoeiro”. As histórias vividas pelo “coronel Ludugero”, interpretado pelo caruaruense Luiz Jacinto da Silva (tem uma postagem só dele no blog), também tinham muito a ver com o homem que gostava de perfume francês, de carros do último tipo e de um revólver Smith & Wesson pendurado no cinto largo de couro cru. Há 41 anos, o coronel Francisco Heráclio do Rego, o famoso Chico Heráclio, falecia no município pernambucano de Limoeiro, a 60 quilômetros do Recife. Com ele desaparecia toda uma história baseada em homens que “casavam e batizavam” em seus territórios. Dono de 20 fazendas e e pai de mais de 20 filhos naturais, Chico Heráclio morreu aos 90 anos de idade. Deixou uma série de causos que acabaram entrando para o folclore político nacional.
O coronel faleceu em 17 de dezembro de 1974. No dia 18, o Diario de Pernambuco trouxe em uma página um perfil do homem que era o chefe influente de mais de 30 municípios, elegendo prefeitos e deputados. Uma das histórias de Chico Heráclio era de que em dia de votação distribuía aos eleitores, em envelopes lacrados, as chapas de seus candidatos. Um mais afoito dirigiu-se a ele, depois de ter votado: “Fiz tudo certinho, coronel, como o senhor mandou. Agora me diga uma coisa: em quem eu votei?’”. A resposta veio rápido: “Nunca me pergunte uma coisa dessa. O voto é secreto, meu filho”.
Outro episódio engraçado foi o do pênalti que o coronel mandou o juiz cobrar a favor de seu time, o Colombo. Foi em um jogo com um clube do Recife. O empate sem gols permanecia quando, a poucos minutos do fim, o árbitro marca a penalidade máxima para os visitantes. A confusão foi armada, sem que Chico Heráclio soubesse o que estava ocorrendo. Ao ouvir as razões do juiz, decidiu dar a razão a ele. Um assessor disse-lhe no ouvido que o Colombo perderia o jogo. Então o coronel ordenou: “cobra, sim: mas contra a outra barra”.
Por trás de todo este folclore encerrava-se de vez o coronelismo em Pernambuco, pelo menos na forma dos homens que, de suas fazendas, decidiam pelos outros. Antes de Chico Heráclio haviam saído de cena Clementino Coelho, o Quelé (Petrolina), Chico Romão (Serrita), Zé Abílio (Bom Conselho) e Veremundo Soares (Salgueiro). Chico Heráclio ainda estava “dando suas pancadas no eixo e na roda” quando foi lançado, em 1965, o livro “Coronel, Coronéis – apogeu e declínio do coronelismo no Nordeste”, de Marcos Vinícios Vilaça e Roberto Cavalcanti de Albuquerque. É leitura obrigatória para quem pretende mergulhar mais nesta história.
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