Nem o avanço tecnológico vigente, nem o aldeamento global anunciado, podem arrolar de forma banal, e a seu bel prazer, a cultura de um povo. Sociedades mais abertas como a nossa, sentem escancaradamente os efeitos. Mas, o antídoto está nas particularidades de um povo forte que resiste e ostenta seus costumes.
Para fazer valer a resistência, é preciso haver manifestações culturais, um mergulho realista e saudosista nas raízes do bravo povo nordestino; e Jessier Quirino faz isso por nós. O poeta paraibano escancara as mazelas, exalta as vivências e “sabenças” no rastro da intimidade da matutada.
Com naturalidade, Jessier descreve imagens aguçadamente, na poesia, no humor, no sarcasmo, na cantoria. Trata-se de um artista múltiplo, com lirismo literário, também rico em neologismos, num vocabulário novo, à moda de Guimarães Rosa no romance. Longe de criar tipos, Jessier interpreta-lhes profundamente a alma. Faz isso como um maestro dedilhando notas, que no seu caso é um debulhar extenso de causos, de “sabenças”, que contemplam a alma matuta nas suas necessidades sociais, emotivas, políticas e religiosas.
Com persistência e devoção à arte, o poeta paraibano conquista um lugar de destaque na poesia matuta e na literatura do Brasil e do exterior, elevando uma cultura forte com um desejo eficaz de que ela nunca seja destronada.
Sivaldo Venerando
Poeta e cronista
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