O gênio visionário – responsável por revolucionar
segmentos da indústria e colocar a tecnologia na palma da mão do
consumidor – tinha 56 anos e lutava contra um câncer de pâncreas.
Perfeccionista e inventivo, transformou a empresa criada na garagem de
seus pais em uma das mais valiosas do planeta
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Steve Jobs no lançamento do computador Apple II, abril de 1977 - Tom Munnecke/Getty Images
Steve Jobs – o gênio da tecnologia responsável por revolucionar ao
menos três segmentos da indústria (computação pessoal, música, e
telefonia) e inovar outra (animação para filmes) – morreu nesta
quarta-feira, aos 56 anos de idade. Ex-CEO e força criativa por trás da
Apple, ele lutava desde 2003 contra um câncer raro no pâncreas,
que o levou a deixar, em agosto, a direção da companhia que ele fundou
em 1976 e ajudou a transformar em uma das mais valiosas do planeta. Jobs
deixa a mulher, Laurene, e quatro filhos – três mulheres e um homem.
No site da empresa, uma nota faz uma homenagem a Jobs: "A Apple perdeu
um gênio visionário e criativo, e o mundo perdeu um ser humano incrível.
Aqueles que tiveram o prazer de conhecer e trabalhar com Steve perderam
um amigo querido e um mentor inspirador. Steve deixa para trás uma
companhia que somente ele pôde erguer e seu espírito será para sempre a
essência da Apple".
Jobs protagonizou uma das sagas mais fascinantes de nosso tempo, uma
aventura digna de filme. Reúne drama familiar, construção de um império,
traição empresarial, superação e, sim, romance. Colocado para adoção
logo após o nascimento, o menino nascido em São Francisco, na
Califórnia, foi acolhido por uma família simples com a condição de que
pudesse cursar a universidade. Uma vez lá, o jovem Steven Paul abandonou
os estudos, trocando a graduação promissora por um incerto curso de
caligrafia e uma viagem mística pela Índia. De volta aos Estados Unidos,
inventou na garagem dos pais, ao lado de um amigo, Steve Wozniak, o que
viria a ser o primeiro computador pessoal do mundo. Aos 20 anos, a
dupla fundou a Apple. Três anos depois, acumulava 100 milhões de
dólares. Aos 30, Jobs foi expulso da companhia pelo homem que ele mesmo
contratara, John Sculley. Fora da "maçã", fundou outra empresa de
computadores e comprou, do cineasta George Lucas, uma produtora de
animações, a Pixar, por 10 milhões de dólares – 11 anos depois, a
empresa seria vendida por 7 bilhões de dólares com filmes como Toy Story
no currículo. Aos 42, Jobs foi convocado de volta à Apple para salvar a
empresa da falência. Nos anos seguintes, lançou o iPod, iniciando a
revolução no mercado de distribuição de música, o iPhone, catapultando o
setor de smartphones, e o iPad, promovendo movimentação no setor
editorial. Ao final do ciclo, a Apple chegou a ocupar o posto de empresa
mais valorizada do planeta, avaliada em cerca de 350 bilhões de
dólares. A última década de vida, talvez a mais frutífera, foi marcada
também pela batalha contra o câncer no pâncreas. Uma trajetória de tirar
o fôlego.
Jobs não criou tudo sozinho, é claro, mas não há dúvidas de que seu
espírito – exigente e inventivo – foi decisivo para moldar a tecnologia
que chegou às mãos do consumidor no último quarto de século. Foi ele,
por exemplo, quem insistiu com Wozniak na ideia de levar o Apple I,
primeiro computador pessoal, ao grande público. Foi dele também a
decisão de abandonar, no início da década passada, o desenvolvimento do
tablet e, em seu lugar, abraçar o projeto que desaguaria no iPhone,
aparelho que de fato apresentou ao mundo o celular inteligente (o tablet
ficaria para depois).
Wozniak, o amigo e cofundador da Apple, concorda com todos os talentos
atribuídos a Jobs – apurado senso estético, capacidade de liderar, visão
de mercado, poder de comunicação... Mas aponta um que, a seu ver,
distancia o ex-CEO da esmagadora maioria dos líderes empresariais e
também da maior parte dos mortais: "Ele sabe o que as pessoas querem ver
nos produtos e também o que não querem. É um entendimento total do que
motiva o ser humano."
O nome de Jobs está presente em nada menos do que 313 patentes, que
tratam de invenções, usadas em produtos como desktops, iPods, iPhones e
iPads. Até alguns itens de decoração utilizados nas lojas da Apple foram
registrados pelo ex-CEO. As patentes se referem a tecnologia,
funcionalidades e também ao design dos aparelhos, um aspecto essencial
para Jobs. "Design não é apenas a aparência de um produto. Design é como
ele funciona." Várias vezes, ele deixou claro seu interesse pela zona
de contato entre técnica e design e sua admiração pelo renascentista
Leonardo Da Vinci (1452-1519), o mestre que pintou a Monalisa e esboçou um protótipo do helicóptero.
"Steve Jobs é o Henry Ford da tecnologia", aposta Leander Kahney, autor do livro A Cabeça de Steve Jobs,
que procura dissecar o método do americano. "Ele é o maior inovador na
indústria da tecnologia voltada ao consumidor." Carmine Gallo, colunista
da revista Businessweek, complementa a comparação: "Ele mudou
totalmente o modo como interagimos com equipamentos digitais. Se não
fosse por Jobs, ainda estaríamos digitando linhas de comando, em
linguagem de máquina." Perfeccionista, Jobs criou produtos de uso
simples, mas com aparência sofisticada, que mexeram com o imaginário de
seus consumidores, criando uma legião de fãs da Apple.
Tanta exigência teve seu preço. Jobs passou a ser conhecido como um
chefe implacável, que podia demitir um funcionário no elevador caso ele
não tivesse na ponta da língua resposta sobre um produto em
desenvolvimento na companhia. Em outras situações de trabalho, era comum
que os colaboradores fossem interrompidos logo que pronunciavam as
primeiras palavras de um raciocínio: "Já entendi. Mas o que penso sobre
esse assunto é o seguinte..."
O executivo não era surdo às críticas, e chegou a explicar suas razões.
"Algumas pessoas não estão acostumadas com um ambiente onde se espera
excelência", disse certa vez. Em outra oportunidade, mostrou o peso de
ser líder: "É doloroso trabalhar com algumas pessoas que não as melhores
do mundo e precisar livrar-se delas. Mas constatei que minha função, às
vezes, consiste exatamente nisso: descartar algumas pessoas que não
correspondem às expectativas." A melhor autodefinição, contudo, talvez
seja a seguinte: "Meu trabalho não é ser fácil com as pessoas. Meu
trabalho é torná-las melhores."
"Steve nunca permitiu que a Apple fizesse produtos apenas razoáveis,
nem mesmo bons: ele só aceitava os excelentes", afirma Wozniak, o amigo
de juventude com quem Jobs criou o primeiro computador pessoal. Até
mesmo rivais reconheceram a estatura do executivo não apenas na condução
dos negócios da Apple, mas também seu carisma para liderar e motivar
sua equipe e cativar consumidores. Foi o caso de Bill Gates, o fundador
da gigante de software Microsoft: "Ao pensar em líderes que conseguem
inspirar seus funcionários, Steve Jobs é o melhor que já conheci. Ele
acredita na excelência de seus produtos e é capaz de comunicar isso."
Sem seu principal criador, a Apple caminhará sob comando de Tim Cook,
antigo chefe de operações da companhia, que assumiu o cargo de CEO no
final de agosto. Um dia depois do afastamento de Jobs, as ações da
companhia caíram cerca de 2%, exprimindo a preocupação dos investidores
com o futuro da companhia. "Em curto prazo, contudo, não vemos nenhum
impacto que possa prejudicar a Apple. São oscilações normais de
mercado", avalia Bruno Freitas, analista de mercado do grupo IDC.
O conforto é fruto de uma tática quase imperceptível adotada pelo
cérebro da empresa: o treino das lideranças da companhia. Nos
lançamentos da marca nos últimos anos, por exemplo, Jobs dividia as
apresentações: ele mostrava as novidades e deixava as explicações
técnicas para os especialistas. Além disso, em 2008, foi criada a Apple
University, com o objetivo de ensinar os empregados da empresa a "pensar
como Steve Jobs" e a tomar decisões como ele. A idéia era impregnar nos
executivos o "jeito Steve Jobs de ser".
"Não há dúvidas de que, sem ele, não haveria Apple. Mas a questão é que
ele criou um time e uma série de processos pensando no sucesso", diz
Carolina Milanesi, analista do Gartner, grupo especializado em análise
de mercado. Freitas completa: "Podemos falar que a Apple absorveu o DNA
de Steve Jobs. Por isso, ela pode continuar bem, mesmo sem ele no
comando."
Só o futuro poderá dizer se o atual e os novos dirigentes da empresa
manterão o vigor de Jobs. É improvável que outro profissional reúna os
mesmos talentos dele. Mas é imprescindível que seus líderes nutram pela
companhia – e por tudo o que ela representa – o mesmo sentimento
alimentado por seu criador: "Foi como a primeira paixão", disse Jobs
certa vez sobre a Apple.
Assista logo abaixo o filme que mostra toda trajetória de Stive Jobs antes da Apple ser a gigante da tecnologia. O filme Piratas do Vale do Silício mostra bem um jovem com uma ídeia de sucesso e muitos sonhos a por em pratica
Veja mais em Veja Abril
Adaptação Márcio
Assista logo abaixo o filme que mostra toda trajetória de Stive Jobs antes da Apple ser a gigante da tecnologia. O filme Piratas do Vale do Silício mostra bem um jovem com uma ídeia de sucesso e muitos sonhos a por em pratica
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