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Qual é a tua, Bernardinho?

A novela "Duas Caras" chega ao seu final essa semana. E o beijo gay, sai o não sai?? E o Bernardinho, o que a gente faz com ele???
Coitado do Bernardinho, o personagem gay da novela das oito Duas Caras, de Aguinaldo Silva. Maltrado pela madrasta Amara, flagrado na cama com o Carlão, expulso de casa, foi morar na quadra da escola de samba da favela e com a ajuda do chefão Juvenal Antena deu a volta por cima. Será? Homossexualidade e telenovela nunca se beijaram..... literalmente. O internauta noveleiro já deve ter torcido BEIJA!BEIJA!BEIJA! E nada de beijos, bitocas ou selinhos. Não por falta de visibilidade gay nas últimas telenovelas brasileiras, mas parece que a censura ou uma auto-censura ou a política da empresa ainda impedem isso.
Lendo o livro “Bastidores de Hollywood”, a influência de gays e lésbicas de 1909 a 1969, fiquei pensando: com todo moralismo norte-americano no período, gays e lésbicas, atores, atrizes, diretores, figurinistas, roteiristas, todos enfrentavam a lei de censura tanto da indústria quanto a do governo. E estamos falando do início do século XX! Com sua criatividade e sensibilidade, provou seu talento e impedia que cenas fossem cortadas. Mantinham suas vidas privadas ou não, eram motivos de fofocas das revistas e jornais, mas entraram para a história do cinema.
E os personagens e ou atores gays brasileiros? Sou contra a praga das revistas de celebridades, que “plantam” notícias sobre quem é ou não é, e já defendi aqui nesse blog um artigo intitulado “Cada Um na Sua”. Mas a telenovela brasileira, nosso produto de exportação reconhecido mundialmente, tem uma dívida com os personagens gays. Autores assumidos como Gilberto Braga e Aguinaldo Silva já nos deram várias tramas gays bem interessantes, com muita verossimilhança, Em 83, Gilberto Braga em “Brilhante” deixou nas entrelinhas uma suposta homossexualidade do ator e hoje diretor, Denis Carvalho. Filho da poderosa e possessiva Chica Newman (Fernanda Montenegro), seu filho ficava ao piano tocando, tocando,tocando, solitário. E a mãe atazanando o filho para se casar com Vera Fischer.
Em “Vale Tudo”, Braga mostrou um casal de lésbicas bem resolvido, donas de uma pousada em Búzios, uma morre e a outra encontra um novo amor no último capítulo. Cenas de bom gosto e sensualidade, mas cadê o beijo? Silvio de Abreu em 95 na novela “A Próxima Vítima” mostrou o amor de Sandrinho e Jefferson, também com final feliz, apesar da desaprovação do pai, José Wilker, e uma festa de inauguração do apê onde o casal iria morar só com héteros (???). Sem estereótipos e com muita sensibilidade, a dupla ganhou fãs na comunidade gay.
O “naturalista” Manoel Carlos mostrou em “Mulheres Apaixonadas” (2003), duas belas jovens apaixonadas, discriminadas pela menina má da escola, mas felizes da vida, tudo no ritmo do Leblon, onde o universo de Maneco nunca perde o romantismo. Em “Páginas da Vida”, uma decepção. O casal gay, o médico e o músico, morava juntos, adotaram o filho da empregada, recebiam a mãe de um deles totalmente friendly, interpretação genial de Ângela Leal. Agora, na cena da passagem de ano, quando chega meia-noite, um vira para o outro e diz: “Feliz Ano Novo, Cara!”. Isso não é páginas da vida, pelo menos da real....
Do Leblon, para a Portelinha, Bernardinho vive um casamento a três, dono de restaurante, romântico, sensível e burro, como ele mesmo se definiu depois de ser ludibriado mais uma vez pelo michê Carlão. Agora, a paixão do sensível Bernardinho cai na caricatura da bicha que gosta de malandro, sofredora e ouve Elizeth Cardoso todos os dias. “Saudade, torrente de paixão”... este deveria ser o tema do personagem e não “How Deep is your Love? Dos Bee Gees. De profundo, o amor de Bernardinho ainda está no folhetinesco, bem versus mal. Dono de restaurante, livre, leve e solto, ele poderia rodar a baiana, não acham? Então, como sugestão para os caros internautas deixo possíveis desfechos para o Bernardinho:
1) Manda o Carlão passear, deixa o restaurante com a Dália e o Heraldo, vai para a Europa fazer cursos de culinária e volta, resolvidíssimo, com um namorado super bacana.
2) Fica com Carlão e agüenta as sacanagens de seu amor bandido. E no final diz: Bicha burra nasceu morta, que nada, bicha gosta é de apanhar, bem Nelson Rodrigues.
3) Bernardinho fica fritando bolinhos de bacalhau e pensando na morte da bezerra,
4) O final “Você decide” (nossa que chavão) ou melhor a seguir cenas do próximo capítulo.....

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